A Chapa 1 “Unidade para Lutar: em defesa da educação pública e das liberdades democráticas” foi eleita com 7.086 votos para comandar o ANDES-SN durante o biênio 2020-2022. Em formato telepresencial em razão da pandemia da Covid-19, a votação ocorreu de 3 e 6 de novembro.
O Sindicato Nacional terá como presidente a professora Rivânia Lúcia Moura de Assis que concedeu entrevista à Central Sindical e Popular – Conlutas (CSP-Conlutas), a qual o ANDES-SN integra. A docente comentou sobre a atual conjuntura, os desafios da campanha eleitoral e dos próximos anos à frente da entidade. Confira:
Qual o contexto da categoria nessa eleição de direção do Andes-SN?
Rivânia: A realidade da nossa categoria assim como o conjunto dos trabalhadores e dos servidores públicos em particular é o sofrimento de grandes ataques aos nossos direitos com desmonte do estado na perspectiva de uma abertura cada vez mais ampliada para o mercado, para o capital.
A categoria em particular tem sofrido uma investida de ataques sobre a autonomia das universidades, as intervenções. Atualmente, temos 17 instituições federais, contando com a última que foi a UFPB (Universidade Federal da Paraíba) nessa semana. Isto significa um ataque frontal à autonomia das universidades, à democracia, ao processo democrático e ao respeito às escolhas da comunidade acadêmica. Essas intervenções são muito sérias. Algo muito sério que precisamos enfrentar e derrotá-las urgentemente. Revogar as intervenções e barrar esse processo de limite às escolhas democráticas dentro das instituições do ensino superior. A gente também tem aí o enorme desafio da reforma administrativa, uma pauta urgente, pois já está em curso. Entendemos que é uma transformação do Estado brasileiro em relação ao pouco estado que ainda temos da Constituição de 1988, uma transformação do estado que tem impacto não somente sobre o servidor como afeta o conjunto da classe trabalhadora que precisa desses serviços. Por isso precisamos enfrentar essa reforma conjugando os servidores públicos dos três níveis – federal, estaduais e municipais-, aliando-nos com os demais sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais e estudantil. Temos ainda o ensino remoto neste ponto a nossa luta é para que seja somente emergencial e que não se seja regulamentado para o ensino superior porque está aliado ao projeto de educação do governo federal, que é de destruição da educação pública, de diminuição dos recursos para as universidades como já temos vivenciado e se alia a uma proposta de modalidade de ensino extremamente precarizante, difícil para o conjunto dos docentes e dos estudantes. O momento é desafiador e precisamos seriamente construir a unidade na luta para evitar esses ataques e impor derrotas ao governo Bolsonaro.
Quais os desafios encontrados durante a campanha na disputa com a chapa 2?
Rivânia: Entre os desafios ficou bem presente a diferença da concepção sindical, um debate que temos enfrentado porque consideramos que é importante manter o Andes-SN na orientação da autonomia, da independência, que se organiza pela base, que luta contra as opressões e que tem independência de classe. Com isso fizemos esse grande debate durante a campanha, que teve limites por ser virtual, com uma eleição telepresencial, foi forma nova de fazer a eleição. Para nós era muito importante uma campanha presencial, estar nas universidades como sempre fizemos, passar de sala em sala, fazer reunião com professores e professoras, escutar as demandas locais, as críticas. Assim, fazer a campanha chegar em todos os lugares foi o grande desafio, em meio ao desgaste do mundo virtual, nesse cansaço que já estamos das atividades remotas, fazer com que a categoria pudesse acompanhar os debates, participar, analisar e fazer perceber que o fundamental que estávamos discutindo era a concepção sindical não foi fácil. A concepção sindical é muito cara e prezamos muito por esses princípios foram historicamente construídos pelo Andes-SN dos quais temos orgulho de fazer parte. A campanha também mostrou diferenças em relação ao ensino remoto, à ciência e tecnologia, com relação aos recursos públicos para a educação que ao longo do debate e da formulação dos programas foi possível passar para a categoria. Além disso e muito importante foi apontada a necessidade da aplicação da concepção de fortalecimento o Andes-SN, porque as duas chapas colocavam a questão, mas não se fortalece a entidade inviabilizando a suas seções como a chapa 2 tem feito nos locais onde dirige. E para nós precisamos fortalecer nessa linha que tem sido construída.
Quais os desafios e lutas serão enfrentados pela nova diretoria?
Rivânia: Os desafios são enormes diante da conjuntura de um governo protofascista, de extrema direita e ultraconservador. Precisamos organizar a luta em todos esses âmbitos, então temos o grande desafio de organizar a categoria e promover a unidade por dentro do setor de docentes. Para além disso, temos o desafio de construir a unidade na luta como nos propomos, a unidade com todos os segmentos da classe trabalhadora para fazer esses devidos enfrentamentos. Isto por entender que esses são ataques ao conjunto da classe trabalhadora assim tem que ser enfrentado por todos. Esse compromisso de unidade é muito sério e temos a certeza que só na luta e no enfrentamento podemos fazer frente tais ataques. É isso que a chapa eleita para o Andes-SN se propõe: um enfrentamento aguerrido porque os ataques são muitos e só faremos isso com unidade ampla com as centrais sindicais e todo os movimentos sindical, sociais, juventude e oprimidos alinhando a luta.
Foto: ANDES-SN
Fonte: CSP-Conlutas com edição da ADUA
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