A melhoria das condições de trabalho não se traduz em privilégios para alguns e sim partilha de oportunidades para todos os trabalhadores. A afirmação é do professor Doutor Agostinho da Silva Rosas, presidente do Centro Paulo Freire, convidado pela Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua), para facilitar a conferência “Trabalho, saúde e condição profissional: implicações atuais e lutas em direção à humanização na carreira docente”.
O assunto, defendido pelos professores federais antes, durante e após a recente greve da categoria, suspensa depois de quatro meses, voltou a ser destaque em mais uma rodada de discussão na sede da Adua, mas, dessa vez, com a participação de um profissional com ampla experiência na temática emancipação humana.
Na avaliação do conferencista, a saúde do professor está relacionada, entre outras coisas, com as condições de trabalho, que devem ser conquistadas coletivamente. “Para isso, os docentes precisam ter mais engajamento crítico, sensível e responsável pela sua própria condição, sendo protagonistas das lutas da categoria”, advertiu Agostinho.
O docente destacou ainda que a lógica do ditado popular “O trabalho dignifica o homem” só tem sentido quando se é possível constituir cidadania e civilidade a partir do trabalho. “No nosso caso, quando lutamos por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e que realmente esteja a serviço da sociedade”, disse. Para que isso ocorra, no entendimento de Agostinho, a categoria precisa “permanecer firme, cumprindo seu papel político de resistência à lógica de governo”.
Em consonância com o conferencista, o presidente da Adua, José Belizario, afirmou que o adoecimento docente está associado também à jornada de trabalho excessiva – ao ponto de ser comum o fato de a maioria dos professores levarem trabalho para casa –, à lógica produtivista imposta pelo Ministério da Educação e a desvalorização profissional. “Esses são os gargalos da nossa categoria”, mencionou.
Belizario informou que o objetivo da conferência foi estimular a reflexão sobre as condições precárias de trabalho da classe docente. “Uma das pautas do movimento paredista de 2012 foi a reivindicação da melhoria das condições de trabalho, apesar de ser uma realidade do dia a dia da categoria, esta temática tem sido pouco refletido nas universidades federais”, disse.
O evento, realizado na última quinta-feira (13), no auditório da Adua, teve o apoio do Núcleo de Estudos, Experiências e Pesquisas Educacionais (Nepe), da Faculdade de Educação (Faced).
Fonte: Adua |