Em regiões brasileiras em que o presidente Jair Bolsonaro possui mais apoiadores é maior o percentual de contaminados e óbitos por Covid-19. É o que indica estudo feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado em parceria com o Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento (IRD).
Chamado pelos pesquisadores de “Efeito Bolsonaro”, o levantamento cruzou dados do aumento da doença e do resultado do primeiro turno das eleições em 2018. “O estudo mostrou que a Covid-19 causa mais estragos nos municípios mais favoráveis ao presidente Bolsonaro”, informa a pesquisa que teve os resultados divulgados, na terça-feira (13), pela Folha de São Paulo.
Mau exemplo
Os números mostraram que, para cada 10 pontos percentuais a mais de votos ao presidente nessas regiões, há um crescimento de 11% nos casos e 12% de óbitos. De acordo com a pesquisa, o que pode ter favorecido essa estatística foram os estímulos do presidente em não adotar medidas de segurança, como o uso da máscara e o distanciamento social.
Bolsonaro, que contraiu Covid-19 e se recuperou, fez inúmeras aparições sem o uso da máscara, além de dar as mãos e abraçar pessoas, atitudes não recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na época em que contraiu o vírus, deu declarações reforçando sua tese de que o vírus é apenas uma “gripezinha”, fala que também vai contra as evidências médicas.
Propagando fake news, seguiu estimulando o uso da cloroquina, medicamento já descartado por órgãos oficiais da saúde como efetivo no combate à doença. “Se não tivesse feito o exame e tivesse tomado a hidroxicloroquina como preventivo, como muita gente faz, eu estaria trabalhando”, declarou.
A atitude do presidente da república de minimizar a doença agravou o quadro da pandemia no país, como apontam as pesquisas, em uma explícita demonstração de sua política genocida. Com mais de 5 milhões de contaminados e 150 mil mortos, os números no país poderiam ser menores, se Bolsonaro estivesse comprometido com a saúde da população brasileira.
Segundo o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, apesar da pesquisa focar nos eleitores de Bolsonaro, a postura do governo matou sobretudo trabalhadores pobres e negros nas periferias. “População essa que sofre com o desemprego e a vulnerabilidade imposta pela política econômica deste governo que, juntamente com o negacionismo genocida, tem afetado a classe trabalhadora. O que precisamos fazer é juntar todo mundo, independente de qual tenha sido seu voto, em uma luta para colocar para fora esse governo e defender a vida”, disse.
Foto: Gabriela Biló/Reprodução
Fontes: CSP-Conlutas e Folha S. Paulo com edição da ADUA
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