A taxa de desemprego no Brasil subiu para o recorde de 13,8% no trimestre de maio a julho deste ano, atingindo 13,13 milhões de pessoas. É a maior taxa da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), iniciada em 2012. Os dados foram divulgados, no dia 30 de setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O país perdeu 7,2 milhões de postos de trabalho em três meses de pandemia. Na comparação anual foram perdidos 11,6 milhões de vagas. O nível da população ocupada (percentual de pessoas em idade de trabalhar ocupadas) caiu para o patamar mais baixo da série, para 47,1%. O Brasil tem, portanto, mais da metade da população em idade economicamente ativa fora do mercado de trabalho. São 79 milhões de pessoas.
A população desalentada (que não buscou trabalho, mas que gostaria de conseguir uma vaga e estava disponível para trabalhar) também atingiu novo recorde de 5,8 milhões de pessoas, com alta de 15,3% (mais 771 mil pessoas) em relação ao trimestre encerrado em fevereiro e de 20% (mais 966 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
A população subutilizada (32,9 milhões de pessoas) também foi recorde, subindo 14,7% (mais 4,2 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 17% (mais 4,8 milhões de pessoas) contra o mesmo trimestre de 2019.
Tragédia social
Os efeitos da pandemia são destacados para o agravamento do quadro de desemprego no país, mas como revela a comparação anual ou mesmo pesquisas anteriores, nos últimos anos, principalmente após a Reforma Trabalhista feita pelo governo Michel Temer, tem havido uma brutal deterioração das condições de trabalho no país. Não só aumentou o desemprego, mas como revelam os dados, o desalento e a informalidade, que também é recorde.
“Em nome da falsa promessa de gerar empregos, fizeram reformas que acabaram com os direitos dos trabalhadores, como a Trabalhista e a da Previdência. O que vemos é que direitos históricos foram atacados e os empregos desapareceram ou pioraram brutalmente de qualidade frutos dessas medidas”, avalia o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) – a qual a ADUA integra –, Atnágoras Lopes.
O dirigente comentou, ainda, que a pandemia agravou a situação, que vem sendo gestada há tempos. “E o mais grave é que diante desse desemprego brutal, a política de Bolsonaro é de desprezo à vida dos trabalhadores e mais pobres, como fez ao reduzir o auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300 e planeja mais ataques, como a criação de um novo programa social para substituir o Bolsa Família que tira dinheiro da Educação e de outros benefícios sociais”, disse.
Foto: Thiago Freitas/Reprodução
Fontes: CSP-Conlutas e IBGE
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