Sob a coordenação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), foi lançada em 2003 a pesquisa intitulada “Identidade Expropriada – Retrato do Educador Brasileiro”. Na época, a pesquisa constatou que 22,6% dos professores brasileiros já haviam pedido afastamento por licença médica, e os principais motivos disso seriam as condições de trabalho as quais estão submetidos.
Apesar de não existir um compilamento oficial com dados mais recentes sobre o assunto, o presidente da CNTE, Roberto Leão, acredita que a situação não melhorou de lá para cá. Segundo Leão, muitos dos problemas persistem na rotina dos educadores, como a violência em sala de aula, a transferência de responsabilidade do governo e, também, da família, que joga para a escola o papel de educar os jovens. Além disso, algumas das lutas da categoria, como as mobilizações travadas pela garantia do piso salarial, ao invés de receberem apoio, são atacadas por governadores e prefeitos.
Para Rondon de Castro, presidente da SEDUFSM e 3º secretário do Andes-SN, a situação no magistério superior também tem favorecido para o adoecimento dos professores. “Os docentes das universidades estão vivendo sob pressão constante. A necessidade de entregar um projeto que tem que se adequar a determinado edital, que está prestes a ser fechado e que o docente está contando com a bolsa daquele projeto, tudo isso influencia diretamente na saúde do docente, só para citar um exemplo rápido. O pior disso tudo é que o docente doente é um reflexo de uma educação doente, e essa corda acaba por arrebentar no estudante, que tem um professor com baixo rendimento todos os dias em sala de aula”, apontou Rondon.
Condições de trabalho
Para a coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Gesa Linhares Correa, as condições oferecidas no ambiente de trabalho têm tido papel central no adoecimento dos professores. Segundo ressalta Gesa, a falta de infraestrutura como a iluminação, a acústica e a ventilação das salas de aula, impulsiona o crescimento das doenças mais comuns entre a categoria, geralmente de ordem ortopédica ou ligadas à fala. Além disso, os trabalhadores da educação, segundo a coordenadora, são cada vez mais afetados pela Síndrome de Burnout, um distúrbio de caráter depressivo, resultante do esgotamento físico e mental ligado à vida profissional.
O fato é, como aponta Rondon, que o poder público cobra resultados na educação, mas não oferece condições reais para que se atinjam esses resultados. “Isso obviamente vai frustrar o professor. Nós, na maioria das vezes, quando escolhemos ser professores estamos indo atrás de um sonho, de ser um educador, um agente da transformação. Sendo essas as expectativas, é impossível não ficar doente ao ver a educação brasileira como está”, conclui Rondon.
Fonte: G1 e SEDUFSM |