Em mais uma intervenção na autonomia das universidades públicas, o presidente Jair Bolsonaro nomeou o professor Carlos André Bulhões Mendes como novo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para os próximos quatro anos. A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 16 de setembro e contraria a consulta feita à comunidade acadêmica no dia 14 de julho.
Pelas regras que estabelecem o voto dos docentes com peso de 70%, enquanto o dos técnicos-administrativos e dos estudantes com 15%, foi vencedora a chapa dos atuais reitor e vice-reitora, Rui Oppermann e Jane Tutikian. A chapa de Carlos André Bulhões e Patrícia Helena Lucas Pranke ficou na terceira posição na lista tríplice da consulta, atrás da chapa de Rui e Jane, e da chapa de Karla Maria Müller e Cláudia Wasserman, que recebeu o maior número de votos, mas por motivo de diferença de paridade ficou em segundo lugar.
Pela legislação, é uma prerrogativa do presidente da República nomear o reitor a partir da lista tríplice encaminhada pelas universidades. Desde o governo Lula, é de praxe que o mais votado nas consultas internas seja o indicado. A situação mudou na gestão Bolsonaro. Desde o início de seu governo, já foram, pelo menos, 14 nomeações de reitores ou diretores de instituições federais de ensino que não encabeçavam a lista ou sequer constavam entre os nomes indicados.
Desde o anúncio da possível intervenção, entidades de técnico-administrativos e professores já se manifestavam contra a indicação de Bulhões. “Defendemos a soberania da escolha da comunidade universitária e repudiamos as tratativas e tentativas, anunciadas por parlamentares e pela imprensa bolsonarista, para nomeação do candidato classificado em terceiro lugar na consulta”, afirma trecho da nota da secao sindical dos docentes da UFRGS.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade destacou, em redes sociais, que não irá aceitar a “intervenção bolsonarista na UFRGS. Uma manifestação contra a intervenção e contra os cortes no orçamento da universidade foi convocada pela entidade estudantil, para esta quinta-feira (17).
Fonte: Brasil de Fato com edição da ADUA
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