A greve dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) completa 100 dias nesta sexta-feira (24) e está próxima a bater o recorde do movimento paredista da Educação Superior nos últimos 20 anos. Em 2001, foram por 110 dias de paralisação, considerada até hoje a maior greve desde 1991.
Deflagrada no dia 17 de maio em todo o País, a greve é nacional e atinge 53 universidades federais e 38 Institutos Federais de Ensino (Ifes). Mais que a busca por melhores salários, os educadores lutam pela Reestruturação da Carreira Docente, além da melhoria na qualidade do ensino público no Brasil. Especificamente na Ufam, os professores denunciam a falta estrutura física, como laboratórios, bibliotecas, salas de aulas e até mesmo material básico de higiene. Essa situação chega a ser mais agravante nos cinco campi do interior do Estado - Itacoatiara, Coari, Humaitá, Benjamin Constant e Parintins.
O descaso da presidente Dilma Rousseff com a Educação Superior pode ser notada já com a demora do Governo Federal em iniciar as negociações com os professores. A primeira reunião só ocorreu quando a greve estava próxima para completar dois meses. Alardeada como um “aumento de 45%” do salário dos professores, a proposta apresentada dia 13 de julho é revestida de armadilhas, que intensificam a desestruturação da carreira e acarretam perdas salariais para a maioria da classe docente. Por esses motivos, Assembleias Gerais realizadas por todo o Brasil votaram pela rejeição da proposta dos ministérios do Planejamento e da Educação (MEC). Frente ao forte “não” unânime, o governo apresentou uma segunda proposta, que nada mais é do que um “remendo” da primeira, mas anunciada pelo MEC como uma “ampliação do reajuste”, o que também foi rechaçado pelos docentes.
Justificativa
Para o Andes-SN, a categoria rejeitou a primeira proposta por três motivos: por discordar da desestruturação da carreira; porque ela traria perdas salariais quando considerada a inflação entre 2010 e 2015 e porque feria a autonomia universitária ao impor barreiras no desenvolvimento da carreira incompatíveis com a atividade acadêmica. “Podemos dizer que o governo faz um aceno na questão das barreiras, mas, mesmo assim, remete para uma discussão em grupos de trabalho e nós sabemos que esses GTs não têm credibilidade. Dois exemplos são o GT criado em 2008, que nunca funcionou, e o GT Carreira, criado em agosto de 2011, cujas discussões o governo não levou em conta ao elaborar a atual proposta”, avalia o 1º vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Luiz Henrique Schuch.
Ao analisar a última proposta, o representante dos professores complementa que, ao contrário do que anuncia o governo, não há uma valorização da titulação, pois essa gratificação não será incorporada ao salário. “A desestruturação continua, sem nenhuma relação lógica na evolução entre os níveis e as classes, os regimes de trabalhos e as titulações, desconstituindo direitos, e para a maioria dos docentes as alterações salariais são apenas nominais, pois não acompanham sequer a inflação”, afirma Schuch.
Histórico das greves
Ano Início Término Duração
1991 5 de junho 20 de setembro 107 dias
1998 2 de abril 13 de julho 103 dias
2001 21 de agosto 7 de dezembro 110 dias
2005 5 de setembro 19 de dezembro 106 dias
Fonte: Adua |