A campanha “Despejo Zero”, lançada em julho por entidades, movimentos do campo, da cidade e povos e comunidades tradicionais, ganha força com a adesão do Movimento Luta Popular. O objetivo da campanha é articular uma resistência para barrar os despejos que têm se intensificado mesmo durante a pandemia da Covid-19.
O problema dos despejos, que já é uma grave violação à vida em qualquer tempo, se torna ainda mais cruel quando executado em plena pandemia, quando a principal orientação para se proteger do vírus é manter-se em casa.
No Brasil, mesmo com as orientações internacionais e do Conselho Nacional de Justiça pela não realização do despejo durante a pandemia, os governos têm pressionado para a execução das remoções forçadas.
Em vez de criar medidas de apoio à população para enfrentar as dificuldades, os governantes têm se aproveitado do momento para implementar uma política de despejo do povo pobre em todos os cantos do país, atendendo aos interesses dos especuladores.
Leia posicionamento do Luta Popular:
Há mais de 500 anos o pobre e trabalhador tem que enfrentar aqueles que nos expulsam das terras, enriquecem às nossas custas, e nos exploram através de trabalhos tão precarizados que não garantem sequer que a gente consiga ter um teto sobre as nossas cabeças ou um chão para fincar nossa morada.
A terra e a moradia seguem sendo uma mercadoria que você pode ter ou expropriar dos outros, se você tiver dinheiro. Assim, enquanto pouquíssimos grandes proprietários concentram imensas terras, milhares de trabalhadores e trabalhadoras não têm onde morar dignamente.
Essa pandemia tem escancarado a tragédia que é para os pobres, negros e negras, indígenas, trabalhadores/as, viver no capitalismo. Enquanto os ricos se tornam mais ricos, nós passamos a viver de forma mais precária, com o encarecimento dos produtos básicos, com a explosão do desemprego, com o crescimento dos casos de violência doméstica, com o aumento da violência nas periferias e do extermínio de jovens negros, com o ataque ao meio ambiente e às comunidades e povos tradicionais que o protegem, e com o avanço da retirada de direitos pelo governo Bolsonaro.
Assim, mais uma vez, os de cima se articulam para que os de baixo garantam a riqueza que os sustenta, à custa de muita dificuldade, sofrimento, privações e até da própria vida dos nossos.
Essa crise, no entanto, também tem evidenciado a enorme capacidade de articulação e de auto-organização do povo! Nas favelas, nas ocupas e nas periferias, os de baixo estão se organizando para não morrer de fome, para enfrentar a polícia, para não morrer na fila do hospital, para levar informação produzida por nós e para nós pra enfrentar a doença e toda essa situação. Mas também para enfrentar aqueles que decidem que a gente tem que morrer!
Essas várias experiências e mecanismos de sobrevivência construídos em baixo – mesmo com todas as dificuldades e contradições – é a prova da capacidade que o povo tem para se organizar para enfrentar os problemas vividos. Com muito menos do que têm disponível os nossos governantes, os patrões e os donos de terra, temos feito muito mais do que eles. Então, para que precisamos deles? Porque não podemos ser nós a diretamente governar? Só assim serão atendidos nossos interesses e necessidades, e a vida estará acima do lucro, que deixará de existir!
Nesse sentido, a luta contra os despejos é a luta por outro sistema onde a terra possa ser de todos e de ninguém, onde os de baixo tenham lugar para morar e que a moradia não seja fonte de riqueza para os de cima, que são ricos porque nos exploram. Isso é possível e urgente!
Nossa aposta deve ser na ação direta, na autonomia do povo, na luta coletiva e na independência tanto dos patrões quanto dos governos!
PRECISAMOS DE TODA UNIDADE PARA BARRAR OS DESPEJOS!
PRECISAMOS SEGUIR OCUPANDO, E QUE CADA OCUPAÇÃO POSSA SER UMA SEMENTE DO GOVERNO DOS DE BAIXO!
ORGANIZAR OS DE BAIXO PARA DERRUBAR OS DE CIMA!
Fonte: CSP-Conlutas com edição da ADUA
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