Representantes do Comando Local de Greve (CLG) dos docentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) entregaram oficialmente à reitora da instituição, na tarde desta segunda-feira (6), a decisão de manter a paralisação por tempo indeterminado. O posicionamento da categoria, tomado em Assembleia Geral (AG) realizada na última sexta-feira (3), se manterá firme até que o governo federal reabra as negociações com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), legítimo representante dos professores em greve, e apresente uma proposta que atenda às reivindicações da categoria – reestruturação da carreira docente e melhores condições de trabalho.
Durante o encontro, a reitora da Ufam, professora Dra. Márcia Perales, reafirmou apoio à greve dos professores e propôs articulação com outros reitores das universidades do norte do país, das quais ela é representante regional pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). “O que puder fazer para ajudar o movimento no sentido de reunir forças, entrar em contato com outros reitores, relatar essa reunião, encaminhar mais informações...Estou preocupada com essa situação”, disse a reitora, alertado os docentes para os próximos passos do governo para a desarticulação do movimento grevista.
Conforme a reitora, a Andifes sempre manteve uma postura muito clara a favor da abertura de negociações com os docentes federais. “A Andifes sempre se posicionou no sentido de cobrar do governo a negociação com os professores, de forma a encontrar soluções para as reivindicações da categoria. Hoje, o clima [entre os reitores] é de muita preocupação com o tempo e com os desdobramentos dessa situação”, afirmou.
Assim como a AG dos docentes da Ufam, Márcia Perales mostrou preocupação com a falta de legitimidade da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) na mesa de negociação dos servidores em greve das universidades. Em âmbito local, a reitora também criticou a ausência de parte da categoria nas discussões e decisões do movimento paredista. “As pessoas não vão para as Assembleias porque não querem, exceto algumas questões pontuais. Infelizmente existe esse perfil de professores que não toma parte do processo que trata da própria vida enquanto profissional”, lamentou.
Números falseados
Os representantes do CLG aproveitaram a oportunidade para contestar o “acordo” unilateral firmado entre o governo e a Proifes – entidade que representa apenas 3% do quantitativo total de professores (pouco mais de 5 mil docentes, de um universo de aproximadamente 170 mil). “O governo, mais uma vez, incorre em mentiras, falseando os números, para dizer que a proposta foi aceita por 75% da categoria”, advertiu o presidente da Adua, professor Antônio Neto.
O docente se refere ao ofício circular nº 08/2012 distribuído pelo Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Secretaria de Educação Superior, que trata da conclusão das negociações com a representação sindical dos docentes federais. No item 6, o referido documento informa que o “governo está convencido de que a base da categoria é favorável ao acordo”, com base em “plebiscitos” realizados pela Proifes, cujo resultado aponta que “75% dos professores optaram pela aceitação” do acordo.
“Quando o governo fala em 75% ele não deixa claro que o universo consultado foi de 5.222 docentes, ou seja, aqueles que compõem a base da Proifes, em apenas sete universidades pelo país, sendo que uma delas nem deflagrou a greve: a Universidade Federal do Rio Grande do Norte”, explicou Neto, ressaltando que a imensa maioria dos professores, que forma a base do Andes-SN, rejeitou as duas propostas apresentadas por entender que elas aprofundam ainda mais a desestruturação da carreira docente. Na reunião, o CLG apresentou ainda outras razões para não aceitar o acordo entre governo e Proifes.
Para o presidente da Adua, o ofício enviado pelo MEC tem um “recado” direto ao movimento grevista. “O governo pretende pressionar os reitores para dizer que a negociação é um fato consumado. E agora aposta no trabalho da Andifes para coagir o movimento”, afirmou. Na avaliação do professor Luiz Carlos Martins, que representou o CLG da Ufam no Comando Nacional de Greve, em Brasília, na última semana, essa é “mais uma manobra política para desarticular a categoria”.
Fonte: Adua |