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Docentes da Ufam aprovam continuidade da greve



Por unanimidade, a Assembleia Geral (AG) dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) aprovou, na tarde desta sexta-feira (3), a continuidade da greve, em resposta à atitude intransigente do governo em não atender às reivindicações da categoria – a reestruturação da carreira docente e a melhoria das condições de trabalho.

Neste 79º dia de paralisação, os docentes da instituição também rechaçaram o “acordo” unilateral firmado entre o governo e a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) – entidade que não representa a ampla maioria dos professores das universidades em greve desde o dia 17 de maio. Com a decisão, a categoria aponta a intensificação do movimento unificado de greve com outros trabalhadores paralisados, a partir da próxima semana.

Para o presidente da Associação dos Docentes da Ufam (Adua) e coordenador do Comando Local de Greve (CLG), professor Antônio Neto, as duas propostas apresentadas pelo governo (nos dias 13 e 24 de julho) e rejeitadas pelos docentes em todo o país não atendiam à pauta reivindicatória dos professores. “Pelo contrário, a proposta de carreira do governo se configura como um retrocesso em relação ao projeto que já estamos discutindo há anos de anos”, disse.

O modelo de universidade pautado pela categoria deve “voltar-se para grandes questões nacionais, regionais e locais, na defesa dos anseios da população, com justiça e autonomia” para combater os desmandos do governo, na opinião do professor Jacob Paiva, outro integrante do CLG.

Durante análise de conjuntura a respeito do atual movimento grevista e do descaso do governo com a educação pública de qualidade, Paiva lamentou o fato do debate sobre esse projeto de universidade se arrastar há décadas no Brasil, preterido por sucessivos governos. “O governo Dilma atua na linha dos anteriores ao considerar as nossas reivindicações apenas como questão salarial e com isso acaba enganando a sociedade”, ressaltou.

Sintonia

O posicionamento dos docentes da Ufam acompanha as orientações do Comando Nacional de Greve (CNG) do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) que, por meio de comunicado especial divulgado nesta sexta-feira, criticou postura autoritária do governo federal durante as negociações. “A postura do governo na reunião parece encerrar a farsa encenada por ele, a partir do dia 13 de julho, com a qual pretendeu aparentar para a sociedade disposição para negociação”, diz trecho da nota.

Mais adiante, o documento também denuncia a falta de legitimidade da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) que assinou o acordo na última quarta (1º). “Esta entidade, desautorizada diretamente por assembleias de professores nas universidades e institutos federais em que se organiza, apresentou uma coleta de votos que constitui um profundo ataque ao direito de greve e à democracia sindical”.

O 1º secretário da Adua e integrante do CLG, professor Alcimar de Oliveira, fez questão de ressaltar que os docentes não assinam acordo que implica em prejuízo à categoria. “O governo até agora ignorou completamente a nossa pauta de reivindicação. Por isso, essa é uma das greves mais fortes da história das universidades federais”, destacou.

O diretor do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), professor Nelson Noronha, alertou a AG para os ataques do governo à legitimidade dos movimentos sociais e sindicais. “O momento em que vivemos é bastante perigoso, pois a postura do governo é de um crescente autoritarismo que reprime a luta do movimento dos trabalhadores. Um governo que faz uma negociação fictícia não merece o respeito da sociedade”, concluiu.

Assembleias Gerais

Os docentes de todo o país tem até a próxima quarta-feira (8) para encaminhar ao CNG o resultado das AGs. No início da próxima semana devem ocorrer as assembleias nas unidades acadêmicas da Ufam em Itacoatiara, Parintins, Coari, Humaitá e Benjamin Constant. “A nossa greve tem como fator dinamizador a indignação com as condições de trabalho, criadas com a instalação do programa de expansão das universidades federais, o Reuni, criado pelo governo federal”, lembrou o docente do Instituto de Natureza e Cultura, da Ufam/ Benjamin Constant, Tharcísio Cruz. “A greve é um processo pedagógico”, completou, parafraseando o escritor e professor Muniz Sodré.

Fonte:
Adua



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