Em nota pública, a Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) denunciou em nota pública, no último dia 7, o massacre a populações indígenas e de ribeirinhos de Nova Olinda do Norte (AM), local onde ocorre uma operação da Polícia Militar com “consequência drásticas aos moradores”, segundo a entidade.
De acordo com o documento, indígenas relatam que, até o momento, dois de seus parentes foram torturados e mortos e seus corpos jogados no rio. A FAMDDI – da qual a ADUA faz parte – cobra medidas das autoridades.
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URGENTE: MASSACRE EM NOVA OLINDA DO NORTE
Os gritos por socorro e proteção das populações indígenas e de ribeirinhos de Nova Olinda do Norte, município amazonense a 240 quilômetros ao sul de Manaus, ecoam. Pedem atitudes imediatas para cessar o clima de terror instalado naquela região do Estado do Amazonas, com maior incidência neste momento.
A Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) pede às autoridades brasileiras e aos representantes das instituições que têm o dever constitucional de salvaguardar os direitos e a vida humana que:
1) Se façam presentes, imediatamente, na região do rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte, onde se desenvolve uma operação da Polícia Militar, cujas consequências se revelam desde já drásticas aos moradores do município e com viés mais de vingança que de restaurar a ordem pública;
2) Atuem firmemente para as ações policiais em possível confrontos com narcotraficantes não extrapolem os limites legais. Marcada por disputa de terras, pela exploração da pesca turística e pelo domínio de polos de poder de grupos de narcotraficantes, a região do rio Abacaxis, de acordo com relatos ora feitos na mídia e em redes sociais, foi transformada em área de guerra, da exorbitância de poder da autoridade policial com atos de violência física contra líderes comunitários e indígenas;
3) Sejam devidamente apuradas as mortes e as condições em que essas se deram. Indígenas relatam que até este momento dois de seus parentes foram torturados e mortos e seus corpos jogados no rio;
4) Sejam respeitadas e cumpridas as ações de autoria do Ministério Público Federal (MPF-AM) tanto no pedido de providências para ampliar a presença de agentes públicos naquela região a fim de prevenir conflitos, buscar soluções e impedir o avanço do narcotráfico, quanto na adoção e observância de procedimentos policiais militares considerados ilegais;
5) Os poderes judiciário e legislativo agilizem medidas efetivas de proteção dos direitos humanos das populações de Nova Olinda do Norte a fim de também coibir os abusos ora relatados por moradores, ribeirinhos e indígenas;
6) Os meios de comunicação do Amazonas, do Brasil e internacionais passem a acompanhar de perto os episódios no rio Abacaxis e os divulguem;
7) E representantes das instituições locais/nacionais/internacionais de defesa dos direitos humanos, se façam presentes em Nova Olinda do Norte.
Manaus, 07 de agosto de 2020.
Assinam esta nota pública:
FÓRUM DE EDUCAÇÃO ESCOLAR E SAÚDE INDÍGENA DO AMAZONAS (FOREEIA)
ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UFAM (ADUA)
CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO (CIMI)
SINDICATO DOS JORNALISTAS DO AMAZONAS
SERVIÇO AMAZÔNICO DE AÇÃO, REFLEXÃO E EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL (SARES)
MANDATO POPULAR DEPUTADO FEDERAL JOSÉ RICARDO
SERVIÇO E COOPERAÇÃO COM O POVO YANOMAMI (SECOYA)
FEDERAÇÃO DO POVO INDIGENA KUMAMI-KUKAMIRIA
ASSOCIAÇÃO DE MULHERES INDÍGENAS DO ALTO RIO NEGRO RESIDENTES EM MANAUS (AMARN)
UNIÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO VALE DO JAVARI (UNIVAJA)
Foto: Reprodução
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