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Professores da Ufam rejeitam a proposta do governo federal



Por unanimidade, os professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em greve por tempo indeterminado, rejeitaram a proposta do governo federal apresentada nacionalmente na última sexta-feira (13). A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira (19), durante Assembleia Geral (AG) da categoria, realizada no auditório da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (FEFF), no Campus Universitário. Por conta da deliberação, a greve continua forte até que o governo apresente uma proposta decente.

É que o suposto aumento de 45% apresentado pelo governo federal e massificado pela “grande mídia” nacional está travestido de “armadilhas”, que se não fossem estudadas com cautela, como fez o Comando Local de Greve (CLG), durante toda a semana, na sede da Associação dos Docentes da Ufam (Adua), poderiam ocasionar em perdas reais para a categoria.

O alerta foi dado pela administradora Ellen Lindoso, que, durante a AG, esclareceu os participantes sobre as perdas inflacionárias dos últimos dois anos e a previsão da inflação calculada para os próximos três, e que não estão embutidas na proposta apresentada pelo governo federal. “O reajuste dado pelo governo desconsidera a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)”, disse.

Segundo a administradora, o ganho real para os professores seria de 9%, quando descontadas as perdas inflacionárias dos últimos dois anos, acrescidas do dado de 2012, mais a projeção da inflação até 2015. Mas, esse percentual positivo só chegaria aos professores que estão no topo da carreira e que hoje representam apenas 10% da categoria, em nível nacional. “A imensa maioria dos docentes teria, na verdade, perdas salariais e não ganho real”, afirmou.

Conforme levantamento feito pelo CLG, na Ufam apenas 21 professores, de um total de aproximadamente 1.700, teriam algum ganho mínimo.

Avaliação

No entendimento dos docentes, a proposta do governo federal apenas “aprofunda a desestruturação da carreira, o produtivismo e os instrumentos externos que ferem a autonomia das universidades”, conforme trecho de nota aprovada pela AG sobre a posição do CLG a respeito da proposta apresentada pelo governo. “O Governo usa o argumento de restrição orçamentária para atender as nossas reivindicações, sinalizando dispor de apenas R$ 3,9 bilhões para gastar com a categoria, enquanto gastou mais de R$ 700 bilhões, em 2011, do orçamento da União com amortização e pagamento de juros da dívida”, diz outro trecho do documento.

Para o presidente da Adua e um dos coordenadores do CLG, Antônio Neto, a decisão dos professores é uma resposta ao descaso do governo federal com a educação superior pública, gratuita e socialmente referenciada. “O governo apresentou um esboço de proposta que caminha no sentido oposto ao que reivindicamos. É uma proposta muito ruim! O nosso foco principal não é salário, mas a reestruturação da carreira”, ponderou.

Na avaliação de um dos integrantes do CLG, o professor Jacob Paiva, o governo vem subestimando reiteradamente o sindicato e a categoria, quando apresenta uma “excrescência” como essa. “Nós já somos submetidos ao processo de tortura da avaliação, que utiliza princípios da lógica do mercado, ferindo a autonomia das universidades”, ressaltou. Para ele, é necessário, a partir deste momento, “endurecer e radicalizar” até onde seja possível. “Vamos recuperar a memória e manter a nossa dignidade!”, completou.

O professor aposentado Menabarreto França alertou que a estratégia do governo é fragmentar o movimento grevista, que ultrapassou a barreira das universidades e já chega a quase 30 entidades do serviço público federal em todo o país. “O governo tem sempre essa estratégia de esfacelar o movimento, mas nós temos que mostrar que somos mais fortes, devendo prevalecer o conjuntos dos servidores federais”, disse.

Fonte: Adua



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