Enquanto estudos apontaram a ausência de insumos básicos para o tratamento das pessoas internadas com Covid-19, o governo federal – na contramão – decidiu destinar mais de R$ 1,5 milhão recursos para ampliar a produção de Cloroquina, medicamento cuja eficácia no tratamento da doença não foi, até o momento, comprovada.
Em junho, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediram a abertura de uma investigação sobre o possível superfaturamento na compra sem licitação da matéria-prima e o aumento em até 84 vezes na produção desses produtos pelo Comando do Exército. Na representação, o procurador Lucas Furtado pediu ainda que seja averiguada a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro.
Com o estoque encalhado, o Ministério da Saúde e o Exército estão despejando comprimidos de Cloroquina em aldeias indígenas, em uma ação deliberadamente genocida. Além de desrespeitar as medidas de isolamento e evitar o contato com essas comunidades, o Exército despejou 66 mil comprimidos de Cloroquina na reserva Yanomami, em Roraima. A ação foi coordenada pelo Ministro da Defesa, general Fernando de Azevedo Silva. O Ministério Público Federal abriu inquérito para investigar a ação.
“Estão enviando para dentro dos territórios fontes de contágio desse vírus, sem considerar as especificidades dos povos, muitos que sequer foram vacinados algum dia e são muito vulneráveis. Tudo isso para introduzir um medicamento que além de não ter eficácia comprovada cientificamente, ainda tem graves efeitos colaterais. Isso para um povo que não tem acesso a políticas públicas básicas de saúde, não há sequer testes. Pode ser fatal. Querem nos testar como se fôssemos cobaias. É um genocídio o que este governo quer fazer”, denuncia a indígena Tremembé e dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Raquel Aguiar.
Fontes: ANDES-SN e CSP-Conlutas
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