Uma ação sigilosa do Ministério da Justiça e Segurança Pública investiga um grupo de 579 servidores/as federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e três professores universitários críticos ao governo do presidente Jair Bolsonaro. A informação foi revelada, na sexta-feira (24/07), pelo colunista do portal UOL, Rubens Valente.
Colocada em prática no mês de junho deste ano, a ação produziu um dossiê em que relacionou nomes, fotografias e endereços de redes sociais de algumas pessoas monitoradas. A atividade é realizada pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), unidade subordinada ao ministro da Justiça, André Mendonça.
De acordo com a coluna, um dos professores vigiados, Paulo Sérgio Pinheiro, é relator da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre direitos humanos na Síria e já atuou como secretário nacional de direitos humanos. Outro docente, Luiz Eduardo Soares, é cientista político e foi secretário de Segurança Pública no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O terceiro é Ricardo Balestreri, secretário estadual de Articulação da Cidadania do governo do Pará e ex-presidente da Anistia Internacional no Brasil.
O dossiê, segundo o colunista do UOL, foi repassado a órgãos políticos e de segurança, como a Polícia Rodoviária Federal, a Casa Civil da Presidência da República, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Força Nacional e três “centros de inteligência” ligados à unidade do Ministério da Justiça, nas regiões Sul, Norte e Nordeste.
O relatório levou o nome de “Ações de Grupos Antifa e Policiais Antifascismo”. O documento foi disseminado dias após a publicação de um manifesto intitulado como “Aliança Popular Antifascismo”, com 503 servidores da área de segurança, como policiais, peritos, bombeiros e guardas.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou ao portal UOL que a Inteligência de Segurança Pública tem como objetivo dar subsídio a “decisões que visem ações de prevenção, neutralização e repressão de atos criminosos de qualquer natureza que atentem contra a ordem pública, a incolumidade das pessoas e o patrimônio”.
Fonte: Carta Capital e portal UOL
Foto: Edu Andrade/Reprodução
|