O Ministério da Saúde não renovou o financiamento do levantamento com maior número de indivíduos testados para o coronavírus no mundo, coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). A decisão foi comunicada no início da semana.
Em nota, o Ministério afirmou que as três etapas previstas da pesquisa Epicovid19-BR foram executadas, conforme estava previsto no Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado com a UFPEL. E que dará a "continuidade a estudos de inquérito epidemiológico de prevalência de soropositividade na população". Porém, o governo não especificou se seria por "outra instituição ou PNAD Covid, pelo IBGE".
Conforme a assessoria do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPEL, a expectativa era que o contrato fosse renovado para dar continuidade à pesquisa, ainda mais neste momento da pandemia que conta com mais de 80 mil mortes por Covid-19. "Como os gestores e a sociedade, vão ter conhecimento da real dimensão da pandemia? Os casos notificados são apenas uma parcela pequena, ínfima, da realidade dos casos na população".
Pesquisa
O levantamento coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Ufpel apontou uma incidência de 3,8% da população brasileira, o que representa cerca de 8 milhões de pessoas infectadas pelo vírus até o dia 24 de junho. No mesmo período, as secretarias estaduais de saúde apontavam 1,2 milhão de casos confirmados.
A pesquisa, realizada em três fases e abrangendo 133 cidades brasileiras, estimou o alcance e a proporção real de pessoas infectadas e, ainda, avaliou a velocidade de expansão no país. Foram entrevistadas e testadas, em suas casas, quase 90 mil pessoas.
Segundo o coordenador geral do estudo e reitor da Ufpel, Pedro Hallal, as estatísticas oficiais são baseadas em casos confirmados, os quais representam apenas uma parcela do total de contaminados. "Queremos enxergar para além dessa pequena parte aparente, que são os casos notificados, e conhecer a real proporção de pessoas atingidas pela infecção", explicou no início do levantamento, em maio deste ano.
Entre os resultados da pesquisa estão o de que, de cada 100 pessoas que têm o vírus, uma acaba indo a óbito e que o número de pessoas infectadas aumenta proporcionalmente conforme diminui o nível socioeconômico.
Embora não haja diferença no risco de contrair a infecção entre homens e mulheres ou por grupos etários, a severidade da Covid-19 tende a ser maior nas faixas de idade mais avançadas. Em relação à cor da pele, houve maior proporção de positivados para anticorpos entre as populações autodeclaradas indígenas (5,4%), parda (3,1%), preta (2,5%), amarela (2,1%) e branca (1,1%).
Fonte: ANDES-SN com edição da ADUA
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