A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) decidiu, por unanimidade, não aderir ao plano de expansão das vagas para o curso no Estado até que o governo federal crie condições objetivas para o ensino na instituição. Conforme avaliação do Conselho Departamental da unidade acadêmica, a falta de professores especializados, de infraestrutura adequada e de discussão local sobre o projeto levaram à decisão, tomada nesta quinta-feira (12), durante uma reunião que contou com a participação de docentes e estudantes, além de representantes do Sindicato dos Médicos e do Comando Local de Greve (CLG) dos professores da Ufam.
A oferta de mais de 48 vagas para o curso em Manaus e a criação de um curso de Medicina em Coari fazem parte do Plano de Expansão do Ensino Médico no Brasil. A lista de universidades federais beneficiadas com 1.395 novas vagas em cursos de Medicina foi publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) de 8 de junho de 2012 e divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) na mesma data. No total, o plano resultaria R$ 19,8 milhões em investimentos, 32 docentes e 24 técnicos para o curso na capital e R$ 36,3 milhões, 80 professores e 40 técnicos para Coari.
“Somos favoráveis a uma expansão, porém de maneira planejada, não da maneira como está sendo imposta pelo MEC. Ao analisamos os dados encaminhados pelo governo federal e a maneira como foram apresentadas as propostas, percebemos que é preciso discutir com mais profundidade, mostrando fundamentos técnicos e levando em conta a realidade amazônica”, explicou o diretor da Faculdade de Medicina, Dirceu Benedicto Ferreira.
Segundo Benedicto, o plano não dispõe de justificativas técnicas nem para a ampliação de vagas, no caso da Ufam em Manaus, muito menos para a criação de vagas, no caso de Coari. “Essa é uma proposta impossível de ser implementada da forma como está sendo apresentada pelo governo”, afirmou. Conforme o diretor, a Faculdade prima pela qualidade dos alunos formados no curso, não pela quantidade. “Somados os alunos do 1º ao 6º ano, temos hoje 672 alunos. Com essas novas vagas, passaríamos a ter 960 alunos. Mas, nem as maiores universidades do mundo possuem esse número de estudantes”, completou.
A Faculdade de Medicina teria até este domingo (15) para apresentar o cronograma para a implementação do plano no Amazonas. “Vamos entregar para a reitora, na próxima segunda-feira, dia 16, um documento fornecendo dados técnicos para que ela possa negociar com o governo os rumos desse projeto”, informou.
“Equívoco”
O assunto também foi tema do encontro realizado entre representantes do CLG e a reitoria da Ufam, nesta quinta-feira (12). A reitora da instituição, Márcia Perales, informou que houve um “equívoco” do MEC em relação à expansão das vagas na Ufam e que o Ministério estaria disposto a corrigir. “A reunião que o MEC marcou com todos os reitores onde há cursos de Medicina envolvidos nesse processo [de ampliação], nós não participamos, porque não estamos na mesma situação das outras universidades”, disse.
De acordo com a reitora, o MEC já havia recebido uma manifestação verbal sobre o assunto. “Vamos debater internamente esse assunto e depois pretendemos discutir pessoalmente com o secretário sobre a questão”, disse. Márcia revelou ainda que as vagas não foram solicitadas pela Universidade e que vai solicitar mais informações do Ministério.
Para o professor Jacob Paiva, integrante do CLG, faltou um debate mais aprofundado sobre o plano de expansão. “A ampliação das vagas seria desastrosa nesse momento em que a Faculdade de Medicina ainda está sanando dificuldades recentes, quando o MEC quase fechou o curso aqui na capital”, lembrou.
Fonte: Adua |