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Ato público na entrada da Ufam encerra com vigília



“Ô Dilma, a culpa é sua. Hoje a aula é na rua!”. O grito de ordem dos professores, técnicos administrativos e estudantes em greve, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ecoou no Bosque da Resistência na noite desta terça-feira (12), na entrada do Campus Universitário. Neste 26º dia de paralisação, a comunidade acadêmica realizou um ato público, como parte da programação do Dia de Luta pela Priorização e Valorização da Carreira Docente. A manifestação, realizada em todo o país sob o tema “Educação de Qualidade: Namore essa ideia”, em alusão ao dia dos namorados, encerrou com uma vigília.

“Que essas luzes iluminem a mente de nossos dirigentes para que dêem mais valor para a educação, os professores, os técnicos administrativos e os estudantes. Nós temos que impor uma derrota à aparente política do governo de expansão da universidade feita à base do sucateamento”, disse o vice-presidente regional Norte 1 do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), professor Jacob Paiva.

Durante a manifestação, os participantes, usando velas, formaram a palavra “S.O.S”, em referência à necessidade de socorro à educação superior pública, sucateada pelo governo principalmente após a criação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), em 2007. “Estamos abertos à sociedade para mostrar os motivos de estarmos paralisados e a situação precária em que está o ensino na universidade pública”, ressaltou o presidente da Associação dos Docentes da Ufam (Adua), Antônio Neto.

Os professores, técnicos e alunos aproveitaram para panfletar, entregando uma carta com os motivos da greve aos pedestres e motoristas que passavam pelas vias do entorno do Bosque de Resistência e também na Avenida General Rodrigo Otávio, estrada que liga a zona Sul de Manaus às zonas Centro-Sul e Leste da capital.

“O culpado por excelência dessa crise geral das instituições públicas é o governo federal, que não valoriza a educação para o desenvolvimento do país”, disse o estudante do curso de Direito, Marcos Prata. “Esse é o momento de nós pararmos o Brasil, pois não podemos aceitar menos de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação”, ressaltou a estudante do curso de Geografia, Priscila Duarte, destacando a bandeira de luta do movimento em favor de mais investimento para o setor.

A falta de recursos para a educação pública superior de qualidade também foi pontuada na fala da estudante do 3º ano do ensino médio do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Débora Massulo. “Nós não concordamos com a forma com a qual o governo trata a educação, a saúde e a habitação. São segmentos essenciais para a população, mas o governo está preocupado em pagar altos juros para os banqueiros”, afirmou.

Negociação

Paralelo ao ato público realizado em Manaus e outras cidades brasileiras, em Brasília os professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) que compõem o Comando Nacional de Greve (CNG) estão reunidos desde o fim da tarde desta terça-feira (12) com representantes do governo federal, em um encontro convocado pelo Ministério do Planejamento, para avaliar a principal pauta de reivindicação da categoria, a carreira docente. O resultado da reunião só deve ser divulgado pelo CNG nesta quarta-feira (13).

Informações preliminares dão conta de que o governo federal pediu “trégua” de 20 dias aos professores federais que estão em greve desde o dia 17 de maio para continuar as negociações. Em entrevista ao UOL Educação, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, disse que ao final desse período, o governo assume o compromisso de resolver o acordo sobre a reestruturação da carreira.

“Queremos retomar a conversa, propondo que as entidades dêem uma trégua na greve. Pedimos um prazo de 20 dias para fechar o semestre com tranquilidade e nós oferecemos nosso compromisso de chegar a um acordo sobre a questão da carreira”, disse, na abertura da reunião. “São 20 dias para resolver uma conversa de muito tempo. Vamos avaliar o que vai ser possível construir”, prometeu.

A presidente do Andes-SN, Marina Barbosa, disse que não há motivos para acreditar em boa vontade do governo para negociar. “Ele [Sérgio Mendonça] não pode dizer que é uma greve ilegítima ou precipitada. A gente já tinha dado trégua porque está desde agosto de 2010 dando trégua pro governo. Por que agora temos que acreditar que, ao suspender o movimento, vamos ter uma proposta apresentável?”, indagou.

Enquanto isso, a greve nas Ifes cresce a cada dia. As últimas instituições a paralisarem suas atividades foram a Universidade Federal do ABC, a Universidade de Integração Latino Americana e o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro. No total, já são 51 instituições federais em greve, segundo informações do Andes-SN.

Fonte: Adua e com informações do UOL



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