Representantes do Comando Nacional de Greve (CNG) dos professores federais participaram nesta quinta-feira (31) do Pleno da Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), encontro nacional que reúne os reitores das 59 Universidades Federais Brasileiras.
O CNG foi convidado fazer uma fala durante a reunião, uma vez que a greve nas Instituições Federais de Ensino está na pauta do encontro, que também debate o financiamento nas Ifes e a escolha de representantes da Andifes para compor o conselho da Ebserh, entre outras questões.
Reivindicações
Luiz Henrique Schuch, 1º vice-presidente do ANDES-SN e do CNG, se dirigiu aos reitores agradecendo o espaço e lembrando que mais uma vez, nesta quinta, vence o prazo estabelecido pelo próprio governo, e usado para
desqualificar a greve docente, de conclusão dos trabalhos acerca da reestruturação da carreira docente.
O diretor do ANDES-SN fez um histórico das negociações com o governo, iniciadas em 2010, lembrando que a entidade nunca se negou a participar das mesas e debates, com o objetivo de superar as divergências e avançar
no processo.
“Se pegarmos a ideia de carreira apresentada pelo governo em dezembro de 2010 e a que foi colocada na mesa no último dia 15, às vésperas da nossa greve, é possível ver que nada mudou e o governo se mantém cristalizado em suas concepções sem abertura para negociar”, avaliou.
Schuch conclamou os reitores a pensar a questão da carreira não só olhando para o momento presente, mas principalmente levando em consideração os novos ingressantes, ou seja, o futuro da Universidade Pública Brasileira. “Se fizermos uma carreira sem olhar para frente, iremos criar um fosso”, alertou.
O representante dos professores observou ainda que o conceito de carreira tem relação direta com a construção de um projeto acadêmico de longo prazo e precisa incentivar, também financeiramente, os
professores a dedicarem sua vida profissional à instituição – condição necessária para a construção contínua de conhecimento e pesquisa.
“O que vemos hoje é os novos ingressantes estudando para entrar em concursos de outras carreiras, inclusive no serviço público, que são melhores remuneradas e não exigem titulação”, relatou.
Em relação às condições de trabalho, o representante do CNG ressaltou que vários dos dirigentes presentes devem ter ciência das reivindicações locais apontadas pelos professores e prova disso é o grande número de manifestações de apoio em relação à greve vinda não só de reitores, mas também de Conselhos Universitários e direções de cursos e faculdades.
“O que se vê é um movimento muito positivo em relação à greve, mas infelizmente também registramos poucos, mas relevantes, casos de constrangimento aos professores que decidiram pela greve”, ressaltou.
Ele apontou o caso do Campus de Jataí, da Universidade Federal de Goiás (UFC), onde, segundo relatos ao CNG, diretores e coordenadores estão criando situações de ameaça ao exigir listas, atas, registros em que
constem os professores que votaram pela adesão à greve, bem como imposição de regras sobre o registro da frequência. “Não iremos tolerar constrangimentos desse tipo ao nosso movimento e haverá uma reação nacional
a esse tipo de atitude”, avisou.
Apoio
O 1º vice-presidente do ANDES-SN pediu então a ação da Andifes e dos reitores para intervir junto ao MEC solicitando a abertura de negociação com o governo. “A palavra de ordem agora, mais do que nunca, é ‘Queremos negociação’. Queremos agendamento de reuniões com interlocutores credenciados, com urgência, para buscarmos uma solução positiva ao impasse estabelecido”, finalizou.
O presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), João Luiz Martins, agradeceu a participação do ANDES-SN e disse que o coletivo dos reitores tem clara compreensão dos dois eixos que regem a pauta de reivindicações dos docentes em greve.
“A gente está numa luta diária como liderança buscando soluções para os problemas relacionados às condições locais das universidades. Não tenham dúvida do nosso compromisso com as condições de trabalho e com o
patrimônio humano das instituições”, disse.
Martins disse que a Andifes também entende a importância de uma carreira bem estruturada como instrumento de valorização do trabalho docente e que a entidade irá se empenhar junto ao MEC para a retomada do diálogo e
abertura de negociação.
Fonte: Andes-SN |