Em reunião nesta quarta-feira (2), o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (SPF) indicou a construção de uma greve geral do serviço público, com paralisação por tempo indeterminado a partir de 11 de junho, caso o governo não atenda à pauta unificada de reivindicação dos SPF. O ANDES-SN participa do Fórum junto com outras 29 entidades nacionais e três centrais sindicais.
A decisão é uma resposta dos servidores ao descaso do governo federal com a categoria, que segue há dois anos com os salários arrochados, sem recomposição inflacionária e muito menos aumento real. Além disso, os servidores vêm enfrentando a precarização das condições de trabalho e ataques aos direitos básicos, como a recente privatização da previdência, com a criação da Funpresp.
Na avaliação do Fórum, o governo continua sem apresentar nenhum avanço em relação aos eixos da campanha salarial de 2012, inclusive, tentando descaracterizar a mesa de negociação com o conjunto das entidades nacionais dos servidores. A conclusão vem da análise dos resultados da última reunião com a Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento (SRT/MP), em 24 de abril.
Para o 2º tesoureiro do ANDES-SS, Almir Meneses, os servidores têm vários razões para ir à luta. “O fato é que o governo age de forma extremamente intransigente e não negocia, nem com as 29 entidades reunidas no Fórum, nem com as categorias em separado. Reuniões, ditas de negociações, repetem-se seja em relação à pauta geral dos servidores, seja em relação às pautas específicas, sem que o governo dê um único passo, por menor que seja, na direção de uma negociação de verdade”, criticou.
Nas reuniões com os SPF, a fala do secretário Sérgio Mendonça é sempre a mesma. “Ele apenas diz que não há o que discutir e que recuperação salarial para este ano é zero, havendo alguma possibilidade de reajuste para 2013, que só começará a ser discutida em junho. Diz, ainda, que agora é o momento de tratar das distorções de algumas categorias, porém, nas mesas específicas também não há negociação”, aponta Meneses.
O diretor do ANDES-SN argumenta que nas reuniões para tratar das questões específicas o governo não mostra nenhuma inflexão da sua proposta original, apenas diz que está estudando algumas possibilidades. “Em todas as reuniões sobre a carreira docente que o ANDES tem participado, os representantes do governo, apesar de concordarem com as argumentações sobre pontos específicos (como exemplo: a carreira única, um único cargo etc), ao final reafirmam a posição inicial, como se todo o debate tivesse apenas para manter as aparências de uma negociação”, constata.
Dia Nacional de Luta
A indignação dos servidores já foi expressa no último dia 25 de abril, quando os trabalhadores realizaram um dia nacional de paralisação e vários setores aderiram ao movimento paredista, em especial o setor da educação federal, com a suspensão das atividades tanto pelos docentes quanto pelos técnicos em diversas universidades e institutos federais em todo o país.
A reação unificada dos SPF, com perspectiva de greve geral, soma-se a outros processos já em curso como a paralisação de 48 horas entre os servidores das Universidades (9 e 10 de maio), 24 horas no judiciário federal (9 de maio), e indicativo de greve por tempo indeterminado indicado pelo Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) do ANDES-SN, a partir do dia 17 de maio.
“Os servidores estão acompanhando todo o debate e a indignação cresce, como aumenta a certeza de que sem mobilização e luta não conseguiremos nada desse governo, por isso e importância dessa reunião do Fórum. Mostra que estamos caminhando juntos para o embate, que se mostra inevitável”, avalia Meneses.
Para ampliar a mobilização e fortalecer o movimento, as entidades nacionais devem orientar as entidades de base a consolidar a unidade de ações nos estados, reativando os fóruns estaduais.
Confira abaixo a agenda definida pelo Fórum:
16 de maio – Proposta de reunião com a SRT/MP para reapresentação da pauta;
17 de maio – Dia nacional de lutas com manifestações nos estados; 30 de maio – Prazo para o governo atender as reivindicações;
05 de junho – Caravanas à Brasília e Plenária Nacional Unificada dos Servidores Públicos;
11 de junho - Data indicativa para a greve geral no setor público federal, caso não haja atendimento das reivindicações.
Fonte: ANDES-SN |