Depois da demissão em massa realizada no final do ano pela Rede Anhanguera Educacional, que dispensou cerca de 680 docentes em São Paulo, os desligamentos atingiram agora a Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo). A instituição demitiu recentemente quatro professores e outros 16 tinham sido desligados ano passado. Segundo o site G1, esses profissionais foram demitidos porque se negaram a aceitar um novo plano de carreira, que reduziria em cerca de 60% o valor da hora/aula.
Doutor em Ciências Sociais e ex-professor do curso de Pedagogia, Ronaldo Gaspar foi um dos profissionais demitidos em 2011. Ele trabalhava na instituição há 11 anos e recebia R$ 54,26 por hora/aula. De acordo com o novo plano de carreira, poderia optar por ter seu pagamento reduzido para R$ 38 a hora/aula, com limite no número de aulas semanais, ou R$ 22 a hora/aula e sem limite de turmas. “Eles me propuseram receber o mesmo valor que eu recebia em 2001, quando entrei na universidade. Os novos profissionais estão sendo contratados por este valor. É uma degradação completa das condições de trabalho”, afirmou o professor ao site G1.
No curso de Pedagogia, a situação é mais grave, pois oito dos dez professores foram demitidos, sendo que a coordenadora e três docentes foram dispensados em março. Preocupados com a qualidade do ensino, estudantes realizaram manifestações e cobraram explicações da reitoria.
A direção da Unicastelo garantiu que os professores não eram obrigados a aderir ao novo plano de carreira, mas quem não fez a opção foi demitido. “Eles não podem forçar a migração. A categoria tem de se mobilizar para que não haja demissões, ou mudanças forçadas”, argumenta o 2º vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN, Marco Aurélio Ribeiro.
Ele lembra que há dois anos, a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) tentou forçar os professores a aderir a um novo plano de carreira, que rebaixava salários. Quem não aceitou, foi demitido. Devido à mobilização da categoria, os professores foram reintegrados, mas os novos docentes tiveram de entrar em uma nova carreira. “O que ainda é ilegal, pois o Ministério da Educação estabelece a existência de apenas uma carreira na universidade”, adverte Ribeiro, que também é pressidente da Associação dos Docentes da Unimep (Adunimep) - Seção Sindical do ANDES-SN.
Agora, a luta na Adunimep é recompor o salário desses novos professores. “Há dois anos temos conseguindo que eles tenham aumentos salariais acima de inflação, como forma de aproximá-los da realidade de quem estava na universidade há mais tempo”, conta.
Infelizmente, a experiência de Piracicaba não tem se repetido nas demais universidades particulares, principalmente naquelas localizadas em locais onde as grandes redes se instalaram, baixando mensalidades e salários dos professores. Quem perde o emprego não volta e os novos são obrigados a receber salários rebaixados.
Fonte: ANDES-SN, com informações do G1
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