Data: 27/09/2019
Em um ato recente de intolerância religiosa e perseguição da extrema-direita na Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), painéis confeccionados pelos alunos do curso de Pedagogia foram destruídos por conterem referências a religiões africanas. A atividade era da disciplina “Antropologia e Educação”. Os painéis foram encontrados destruídos pelos acadêmicos.
A respeito disso, a Seção Sindical dos Docentes da Ufam (ADUA-SSind.) emite a seguinte nota:
NOTA DE REPÚDIO
Há uma escalada de ataque ao ambiente acadêmico. O governo Bolsonaro tem protagonizado o empenho por uma genda de ataques sistemáticos à educação. Um dos eixos dessa agenda reacionária é interditar a liberdade de pensamento no interior das Universidades Públicas. O Ministro da Educação, sem nenhuma disposição democrática e republicana, além de uma proposta de desmonte das IES via programa "Future-se", é agente de agitação de movimentos reacionários contra essas instituições de ensino. Esse ambiente de discursividade de extrema- direita contra as universidades, de investimento raivoso contra a liberdade de cátedra, de interdição de um ambiente acadêmico que respeite a diversidade de gênero, étnica, política, de raça, de crenças, tem resultado em eventos de explícita prática de ódio.
O caso mais recente ocorreu na Faculdade de Educação (Faced), da Universidade Federal do Amazonas. Numa atividade acadêmica na disciplina “Antropologia e Educação”, que tinha um painel montado por estudantes do curso de Pedagogia, que abordaria a diversidade cultural e religiosa, foi destruído. O painel, que tinha imagens de santos e de manifestações religiosas de matriz africana, foi montado pelos estudantes com um dia de antecedência, todavia, na manhã seguinte em que seria apresentado, estava rasgado, sujo, enfim inutilizado.
Esse tipo de ataque é manifesta demonstração de ódio e intolerância, de aversão à liberdade de pensamento, típico de uma disposição política reacionária, contrária à ciência e aos pilares que caracterizam o ambiente acadêmico como expressão da educação para a libertação.
Diante do exposto a Diretoria da ADUA-Seção Sindical, se solidariza com a professora e discentes da disciplina “Antropologia e Educação”, com o conjunto da comunidade acadêmica da Faced, e repudia veementemente qualquer manifestação de intolerância e de censura à atividade intelectual no interior da Universidade. As instâncias responsáveis colegiadas e administrativas da Ufam devem se colocar alertas e à disposição para esclarecer esse ataque. E, por fim, o conjunto da comunidade acadêmica não pode admitir esse tipo de ato como normal. É preciso dizer “basta!”. A Universidade é espaço para o conhecimento crítico, para a liberdade de criação libertadora, a convivência democrática, a poesia. Sem isso, resta uma existência coisificada, vazia.
Fonte: ADUA-SSind. |
