Data: 25/09/2019
Depois do Ministério da Educação (MEC) tentar censurar o evento #Moromente na Universidade Federal Fluminense (UFF), o evento foi realizado na noite de segunda-feira (23), no São Nobre da Faculdade de Direito.
Organizado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e intitulado #MoroMente, o ato reuniu movimentos sociais, entidades representativas de classe, parlamentares e organizações da educação. Um telão foi instalado numa sala no andar de baixo para as pessoas que não conseguiram entrar no auditório lotado.
O debate buscou expor à população a extensão e a gravidade das violações legais promovidas pela atuação do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, à frente dos processos da chamada Operação Lava Jato.
Diversas falas também criticaram a política de segurança adotada pelos governos estadual do Rio de Janeiro e também o federal. Foi ressaltado, ainda, que o autoritarismo tenta calar o outro, seja com censura ou com crimes bárbaros cometidos pelo Estado.
Por diversas vezes, a morte de Ágatha, a menina de 8 anos assassinada no Complexo do Alemão, na sexta-feira (20), durante uma ação policial, foi mencionada no ato #MoroMente. Também na noite de segunda, foi realizado um ato em frente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Os manifestantes cobraram justiça para Ágatha e todas as vítimas de operações policiais nas favelas. Denunciaram, também, a política autoritária e genocida do governo Witzel.
“O dia de hoje foi todo um dia de luta. Estivemos o dia todo envolvidos com esse evento, que a gente não queria só que ele fosse realizado, mas queria que ele fosse realizado aqui, dentro da Faculdade de Direito, nesse local que historicamente representa tanto para a resistência na Universidade Federal Fluminense. Mas também é um dia de luta do outro lado da Baía, é um dia de luta na Alerj, em decorrência do assassinato brutal da Ágatha, que representa tantos assassinatos que têm ocorrido com a política desse e de outros governos que estão por aí”, disse a presidente da Associação dos Docentes da UFF (Aduff Seção Sindical do ANDES-SN), Marina Tedesco.
Censura
Na sexta (20), o reitor da UFF, Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega, determinou o cancelamento ato #MoroMente, após receber ofício do MEC. Segundo o documento da reitoria, a realização de ato teria perfil político-partidário e poderia configurar ilícito de improbidade administrativa.
A diretoria da Aduff-SSind divulgou nota manifestando “forte repúdio à decisão adotada, que, sem meias palavras, representa censura à liberdade acadêmica e que, como tal, deve ser atacada.”
Os organizadores do ato #MoroMente conseguiram, na segunda-feira (23), uma liminar favorável à realização da atividade. Na decisão, o juiz José Carlos da Silva Garcia, da 3ª Vara Federal de Niterói, destacou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia decidido "categoricamente" pela "absoluta liberdade de manifestação e expressão no âmbito das universidades, mesmo e inclusive para manifestar preferência ou repúdio de natureza político-ideológica, ou mesmo partidária".
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff SSind
Fontes: ANDES-SN e Aduff SSind
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