Data: 29/08/2019
Após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que os incêndios na Amazônia “podem ter sido potencializados por ONGs que perderam grana", 118 Organizações Não Governamentais (ONGs) publicaram uma carta em que repudiam a fala do presidente e argumentam que o aumento das queimadas ocorre por ações do próprio governo.
“O presidente deve agir com responsabilidade e provar o que diz, ao invés de fazer ilações irresponsáveis e inconsequentes, repetindo a tentativa de criminalizar as organizações, manipulando a opinião pública contra o trabalho realizado pela sociedade civil”, afirma a nota.
Bolsonaro fez a acusação, no último dia 21, sem utilizar provas que comprovam o argumento. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também comentou sobre o assunto. Para o integrante do governo, as queimadas da Amazônia são "sensacionalismo ambiental" e estão relacionadas a notícias falsas (fake news).
“Enquanto o governo justifica a flexibilização das políticas ambientais como necessárias para a melhoria da economia, a realidade é que enquanto as emissões explodem, o aumento do PIB se aproxima do zero”, argumentam as ONGs.
Leia a nota na íntegra
Os focos de incêndio em todo o Brasil aumentaram 82% desde o início deste ano, para um total de 71.497 registros feitos pelo Inpe, dos quais 54% ocorreram na Amazônia. Diante da escandalosa situação, Bolsonaro disse que o seu “sentimento” é de que “ONGs estão por trás” do alastramento do fogo para “enviar mensagens ao exterior”.
O aumento das queimadas não é um fato isolado. No seu curto período de governo, também cresceram o desmatamento, a invasão de parques e terras indígenas, a exploração ilegal e predatória de recursos naturais e o assassinato de lideranças de comunidades tradicionais, indígenas e ambientalistas. Ao mesmo tempo, Bolsonaro desmontou e desmoralizou a fiscalização ambiental, deu inúmeras declarações de incentivo à ocupação predatória da Amazônia e de criminalização dos que defendem a sua conservação.
O aumento do desmatamento e das queimadas representa, também, o aumento das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, distanciando o país do cumprimento das metas assumidas no Acordo de Paris. Enquanto o governo justifica a flexibilização das políticas ambientais como necessárias para a melhoria da economia, a realidade é que enquanto as emissões explodem, o aumento do PIB se aproxima do zero.
O presidente deve agir com responsabilidade e provar o que diz, ao invés de fazer ilações irresponsáveis e inconsequentes, repetindo a tentativa de criminalizar as organizações, manipulando a opinião pública contra o trabalho realizado pela sociedade civil.
Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo inteiro.
Brasil, 21 de agosto de 2019
Assinam o documento
Ação Educativa; Angá; Articulação Antinuclear Brasileira; Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB); Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (APEDEMA); Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia (AGENDHA); Associação Agroecológica Tijupá; Associação Alternativa Terrazul; Associação Ambientalista Copaíba; Associação Ambientalista Floresta em Pé (AAFEP); Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA); Associação Arara do Igarapé Humaitá (AAIH); Associação Brasileira de ONGs (ABONG); Associação Civil Alternativa Terrazul; Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS); Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí; Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (APREMAVI); Associação Defensores da Terra; Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC); Associação em Defesa do rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (APOENA); Associação Flora Brasil; Associação MarBrasil; Associação Mico-Leão-Dourado; Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA); Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA / FLD); Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP); Centro de Estudos Ambientais (CEA); Centro de Trabalho Indigenista (CTI); Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileiro; Cidade Escola Aprendiz; Coletivo BANQUETAÇO; Coletivo Delibera Brasil; Coletivo do Fórum Social das Resistências de Porto Alegre; Coletivo Socioambiental de Marilia; Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre); Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN / FLD); Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB); Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE); Ecossistemas Costeiros (APREC); Elo Ligação e Organização; Espaço de Formação, Assessoria e Documentação; FADS – Frente Ampla Democrática Socioambiental; FEACT Brasil (representando 23 organizações nacionais baseadas na fé); Federação de Órgãos para Assistencial Social e Educacional (FASE); Fórum Baiano de Economia Solidária; Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS); Fórum da Amazônia Oriental (FAOR); Fórum de Direitos Humanos e da Terra; Fórum de ONGs Ambientalistas do Distrito Federal; Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo (FOAESP); Fórum Ecumênico ACT Brasil; Fórum Social da Panamazônia; Fundação Avina; Fundação Luterana de Diaconia (FLD); Fundação Vitória Amazônica (FVA); GEEP – Açungui; Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero; Grupo Ambientalista da Bahia (GAMBA); Grupo Carta de Belém; Grupo de Estudos Espeleológicos do Paraná; Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda 2030; Grupo Ecológico Rio de Contas (GERC); Habitat para humanidade Brasil; Iniciativa Verde; Instituto AUÁ; Instituto Augusto Carneiro; Instituto Bem Ambiental (IBAM); Instituto Centro Vida (ICV); Instituto de Estudos Ambientais – Mater Natura; Instituto de Estudos Jurídicos de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (IDhES); Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc); Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé); Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ); Instituto Ecoar; Instituto EQUIT – Gênero, Economia e Cidadania Global; Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental; Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB); Instituto MIRA-SERRA; Instituto Socioambiental (ISA); Instituto Universidade Popular (UNIPOP); Iser Assessoria; Movimento de Defesa de Porto Seguro (MDPS); Movimento dos Trabalhadores/as Rurais sem Terra (MST); Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas de São Paulo; Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça e Cidadania; Movimento Roessler; Movimento SOS Natureza de Luiz Correia; Núcleo de Pesquisa em Participação, Movimentos Sociais e Ação Coletiva (NEPAC UNICAMP); Observatório do Clima; OekoBr; Operação Amazônia Nativa (OPAN); Organização dos Professores Indígenas do Acre (OPIAC); Pacto Organizações Regenerativas; Plataforma DHESCA Brasil; ProAnima – Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal; Processo de Articulação e Diálogo (PAD); Projeto Saúde e Alegria; Rede Brasileira De Justiça Ambiental; Rede Conhecimento Social; Rede de Cooperação Amazônia (RCA); Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA); Rede de ONGs da Mata Atlântica; Rede Feminista de Juristas (deFEMde); Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+BRASIL); Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS do Estado de São Paulo (RNP+SP); Sempreviva Organização Feminista (SOF); SOS Mata Atlântica; Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS); Terra de Direitos; TERRA VIVA – Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Extremo Sul da Bahia; União Protetora do Ambiente Natural (UPAN) e Vida Brasil.
Fonte: Carta Capital |