Professores e amigos do coordenador do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Tocantins (UFT), Cleides Amorim, assassinado no dia 5 de janeiro por razões homofóbicas, lançaram recentemente na internet uma carta em que repudiam o crime e exigem que o Ministério da Justiça tome medidas urgentes contra a onda crescente de violência contra homossexuais.
No texto, os signatários afirmam que os professores universitários brasileiros estão de luto pelo fato de, mais uma vez, o desrespeito à diversidade e à diferença ter resultado na morte de uma pessoa.
Os manifestantes exigem que o Ministério da Justiça tome providências imediatas para garantir que o caso do professor Cleides seja investigado até o fim, que o responsável pelo assassinato seja julgado e punido e que medidas contínuas sejam adotadas para prevenir a incitação ao ódio e à violência.
Consuni
Quem também se posicionou acerca do assassinato foi o Conselho Universitário (Consuni) e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da UFT, em nota enviada à comunidade acadêmica. Os dois conselhos posicionam-se pela apuração célere e rigorosa dos fatos, com a conseqüente responsabilização, para que, afastada a impunidade “possa haver, na vida social brasileira, uma coexistência respeitosa entre todos e toda, acolhendo a diversidade étnica, política, religiosa, sexual, entre outras”.
Em resposta a uma correspondência da Associação Brasileira de Antropologia, a qual Cleides Amorim era associado, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República informou que o assassinato do professor está sendo acompanhado pela Ouvidoria de Direitos Humanos do órgão.
Lentidão da Justiça
A Justiça do Tocantins, no entanto, tem dado pouca atenção ao caso. De acordo com Rayssa Carneiro, amiga de Cleides Amorim, o juiz responsável pelo processo ainda não se pronunciou sobre a prisão preventiva do assassino, apesar de as provas serem contundentes.
“Na próxima segunda-feira (6), vamos tentar conversar com o juiz responsável pelo caso para que ele se posicione sobre o pedido de prisão preventiva do réu, que continua em liberdade. Queremos que a prisão seja decretada, pois assim o processo andará mais rápido”, explica Rayssa Carneiro.
O ANDES-SN tem uma posição histórica contra todas as formas de discriminação e espera que o assassino do professor Cleides Amorim seja punido. Durante o 31º Congresso do ANDES-SN, realizado de 15 a 20 de janeiro passado, na discussão do texto “A luta política e a transversalidade das questões de gênero e etnia”, foi aprovada a luta pelo fim da violência homofóbica e pela aprovação imediata do projeto de lei 12/06, que criminaliza a homofobia.
Fonte: SESDUFT |