Data: 06/06/2019
Dias após uma forte greve geral no país, realizada em 29 de abril, os argentinos voltarão às ruas em protesto. Dessa vez, a manifestação, marcada na tradicional Praça de Maio, tem como alvo o presidente Jair Bolsonaro, que faz sua primeira visita oficial à Argentina. Esse encontro, além de tratar questões do Mercosul, tem também como pano de fundo a situação fragilizada dos dois políticos.
Se no Brasil a popularidade de Bolsonaro tem seguido em constante queda, com retração também da economia e do Produto Interno Bruto (PIB), na Argentina o contexto não é muito diferente e se encontra até mesmo em momento avançado de crise.
O governo Macri já sofreu cinco greves gerais em três anos e meio de mandato. As paralisações e mobilizações têm escancarado a crise econômica do país e a insatisfação da classe trabalhadora. Têm revelado o quanto os governos neoliberais de modo geral não têm conseguido dar conta de resolver os problemas econômicos, políticos e sociais.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula para este ano na Argentina uma inflação de 43,7%, mas economistas alertam que o valor pode chegar a 50%. Além da inflação nas alturas, a economia recua, com previsão de retrocesso de 1,2% em 2019. E as políticas de austeridade não agradam a população.
Rechaço
Os movimentos argentinos repudiam o governo Bolsonaro e enxergam essa aproximação entre os dois presidentes como uma maneira de fortalecer o discurso e os grupos de direita e conservadores de modo a restabelecer positivamente a imagem de ambos no poder.
As organizações que convocam o ato “Argentina rechaça Bolsonaro – teu ódio não é bem vindo aqui” para o dia da visita, ressaltam que a presença do presidente brasileiro “enche os argentinos de vergonha e indignação”.
Um dos movimentos que compõem a ação, o Coletivo Emergentes também reforçou em tom de denúncia que o “governo de Bolsonaro põe em risco as democracias da América Latina com seu ódio a tudo que não se discipline e com seu negacionismo sobre as ditaduras e o extermínio que estão sofrendo as populações negra e indígena”.
O posicionamento político sobre a ditadura é um dos poucos que une direita e esquerda na Argentina, país que ainda julga e condena responsáveis pelo desaparecimento de quase 30 mil pessoas. Esse contexto faz de Bolsonaro, portanto, um aliado que pode incomodar diversos setores políticos argentinos.
O apoio de movimentos na Argentina em luta contra o governo brasileiro não é recente. Já na campanha #EleNão, protagonizada pelo movimento de mulheres no Brasil quando Bolsonaro ainda era candidato à presidência, dentre 18 manifestações realizadas ao redor do mundo, nas principais cidades argentinas ocorreram também atos públicos em repúdio às declarações machistas e homofóbicas de Bolsonaro.
Fonte: CSP-Conlutas
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