Data: 12/04/2019
A campanha do abaixo-assinado contra a Reforma da Previdência apresentada por Jair Bolsonaro (PSL) está ganhando as ruas do país. A coleta de assinaturas, lançada pelas centrais sindicais no último dia 4, está sendo feita em fábricas, locais de trabalho, feiras, bairros, terminais rodoviários e outros locais públicos. A ADUA-SSind. está disponibilizando o abaixo-assinado na sede da entidade para os interessados em participar da campanha.
Entidades e movimentos filiados à Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) estão passando o abaixo-assinado em vários locais. Essa semana já ocorreram atividades também em São Luís (MA), Fortaleza (CE), São José dos Campos (SP), Boa Vista (RR). "É grande a receptividade dos trabalhadores e da população em geral ao abaixo-assinado, assim como a rejeição às mudanças pretendidas pelo governo Bolsonaro. Muitas pessoas também querem saber mais sobre as consequências dessa reforma para a aposentadoria dos trabalhadores", afirma a CSP-Conlutas.
Pesquisa
Segundo o Datafolha divulgou no último dia 8, a Reforma da Previdência é rejeitada por 51% dos brasileiros. São favoráveis à proposta 41%, enquanto 2% se dizem indiferentes e 7% não souberam responder.
A maior rejeição é por parte das mulheres (56%), que serão um dos segmentos mais prejudicados com a reforma. O índice supera em, pelo menos, dez pontos percentuais todas as faixas etárias até os 59 anos de idade. Entre os homens, 48% se dizem a favor e 45% contra.
Alguns dos principais pontos da reforma são também os que mais têm rejeição. A maioria é contra a exigência de idade mínima: 65% das mulheres se dizem contra os 62 anos de idade para se aposentar, enquanto 53% dos homens se opõem a mudança para 65 anos. Também há maioria contrária em contribuir 40 anos para a aposentadoria integral: 60% rejeitam. A rejeição é mais do que justificada: a exigência de idade mínima e o tempo de 40 anos de contribuição são medidas que, na prática, vão impedir os trabalhadores de se aposentarem.
Entre funcionários públicos civis e trabalhadores mais pobres, outros dois segmentos penalizados com a reforma de Bolsonaro, a rejeição também é maior. 63% dos servidores são contra a medida.
Outro dado que chama atenção é que a maioria dos brasileiros também se coloca contra regras diferentes de aposentadoria para militares (53%). Mas as apoiam para professores e trabalhadores rurais, com aprovação de 53% e 61%, respectivamente.
A Reforma de Bolsonaro garante privilégios para a alta cúpula militar, mas penaliza os mais pobres e categorias de trabalhadores que têm condições de trabalho e de vida mais penosas, como professores e trabalhadores do campo.
Greve Geral
O discurso do governo Bolsonaro a favor da Reforma da Previdência não está convencendo os trabalhadores e a maioria da população. A tarefa é intensificar a campanha e a mobilização para denunciar amplamente os ataques nefastos que essa reforma trará para os trabalhadores.
“As pessoas ficam assustadas quando percebem a gravidade dos ataques da reforma de Bolsonaro e que ela significa, na prática, o fim do direito à aposentadoria e a destruição de todo o sistema de seguridade social”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, Antônio de Barros, o Macapá.
“A adesão ao abaixo-assinado é muito massiva, seja nas ruas ou nas fábricas. Precisamos conscientizar os trabalhadores e ir preparando nossa classe para realizar uma nova Greve Geral. Em 2017, paramos o país e isso foi uma pá de cal sobre a reforma de Temer. Temos de fazer o mesmo agora novamente”, afirmou.
“Em Boa Vista, lançamos o abaixo-assinado no terminal de ônibus e na universidade estadual. Muita receptividade. O povo quer luta. Precisamos divulgar a campanha”, avaliou Zé Lima, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Roraima (Sintracomo).
Fonte: CSP-Conlutas |