Data: 04/02/2019
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, voltou a defender a cobrança de mensalidade em universidades federais, a extinção futura das cotas e a volta de disciplinas como moral e cívica. Em entrevista publicada na revista Veja deste fim de semana, o titular do Ministério da Educação (MEC) cita, como exemplo, o ensino superior de seu país de nascença, a Colômbia, onde a mensalidade de universidades é paga conforme a renda do estudante.
"Se você é rico, paga mais, se é pobre, recebe bolsa", resumiu. O titular do MEC reforçou que, em nenhum país, a universidade chega para todos e que, nos governos militares, muitas instituições de Ensino Superior foram criadas, mas a preparação de professores para o ensino básico ficou em segundo plano.
"Ela (a universidade) representa a elite intelectual, para a qual nem todo mundo está preparado ou para a qual nem todo mundo tem disposição ou capacidade".
Ainda no Ensino Superior, o ministro defendeu as cotas raciais como políticas provisórias, e não permanentes, para a universidade. Em sua visão, a medida é uma solução emergencial que não deve ser extinta em seu mandato, mas que deveria acabar na próxima gestão.
"Temos de chegar ao momento de eliminar as cotas para dizer que elas não são mais necessárias porque elevamos o nível do Ensino Fundamental. De imediato, não vamos abolir as cotas, até porque me matariam quando eu saísse à rua. Mas as cotas têm de ser eliminadas com o tempo", declarou. "Quatro anos é pouco tempo (para acabar com as cotas). Mas tenho certeza de que, se fizermos o dever de casa, meu sucessor conseguirá iniciar esse processo".
No ensino básico, Vélez diz que não mudará a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas, sim, a interpretação do documento. Ele também demonstrou apoiar o projeto Escola Sem Partido porque “a escola não serve para fazer política”. Questionado se não há risco de perseguição ideológica, o ministro afirmou que já existe clima persecutório da esquerda contra a direita.
"Doutrinas ideológicas devem ser estudadas apenas no Ensino Superior. O dever do professor universitário é ensinar aos alunos todas as posições ideológicas e colocar entre parênteses o seu ponto de vista", disse.
Vélez defendeu a volta da disciplina de moral e cívica às escolas para que os jovens saiam do colégio “sabendo que há uma lei interior em todos nós".
"A primeira parte desta disciplina pode ser dada nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. Os estudantes podem aprender, por exemplo, o que é ser brasileiro. Quem são nossos heróis? O PT tentou matar todos eles", disse. "Outro ponto: hoje, o adolescente viaja. É necessário lembrar que existem contextos sociais diferentes e as leis dos outros devem ser respeitadas. O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas de hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola".
O ministro afirma que, em virtude de suas posições políticas, foi marginalizado e jamais recebeu bolsa de doutorado ou pós-doutorado, uma consequência “do aparelhamento do MEC petista” desde os anos 1990. Vélez afirmou que a primeira pergunta que o presidente Jair Bolsonaro lhe fez na “entrevista” para o cargo foi: “Você tem faca nos dentes para enfrentar o problema do marxismo no MEC?”.
Foto: Divulgação/MEC
Fonte: Gauchazh
|