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Casos de feminicídio são frequentes, mas Bolsonaro quer retirar tema de gênero das escolas



Data: 11/01/2019

Catorze mulheres perderam a vida por feminicídio somente nos primeiros sete dias de 2019 no Brasil: Elizangela Pereira de Almeida, 34 anos; Maria Dalvina Dantas, 39 anos; Milena Optimara Soares Cardenas, 13 anos; Natasha Rodrigues, 14 anos; Queli Aparecida Simon, 29 anos; Tamires Blanco Da Silva, 30 anos; Marcele Rodrigues da Silva, 27 anos; Simone Oliveira de Assis Carvalho, 40 anos; Iolanda Crisóstomo da Conceição de Souza, de 42 anos; Marcelle Rodrigues da Silva, 27 anos; Maria Rosa dos Santos, 51 anos; Rejane de Oliveira Silva, 24 anos; Vanilma Martins dos Santos, 30 anos; Eliane de Sousa Paiva, de 30 anos. Os Estados São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Goiás e o Distrito Federal são os primeiros da lista desse tipo de crime. E a cada dia surgem novos casos em todos país. Um levantamento do "Brasil de Fato" chegou a apontar 21 casos nos primeiros nove dias de 2019. Os assassinos: maridos, ex-maridos, companheiros, namorados, ex-namorados.
 
Ignorando essa violência, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) entende que discutir questão de gênero e violência contra mulher nas escolas é doutrinação de esquerda na educação. Na última quarta-feira (8), o Ministério da Educação (MEC) publicou uma nova versão de edital que orienta a produção de livros escolares da qual retirou partes que mencionam o compromisso com a agenda da não violência contra as mulheres, a promoção das culturas quilombolas e dos povos do campo. Para o atual governo, são temas da esquerda.

A divulgação do edital causou tanta indignação, que agora o ministro da Educação não quer assumir a mudança. Entretanto, antes da divulgação do edital, o primeiro ato do novo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, foi acabar com a secretaria do MEC que garantia ações relacionadas aos direitos humanos e questões étnico-raciais, por exemplo. O filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) declarou nas redes sociais: “Atenção professores: seu aluno que inicia agora o 1º ano do Ensino Médio não precisa saber sobre feminismo, linguagens outras que não a língua portuguesa ou história conforme a esquerda, pois o vestibular dele será em 2021 ainda sob a égide de pessoas da estirpe de Murilo Resende”, escreveu o parlamentar. Ações governamentais combinadas com declarações machistas e irresponsáveis expressam que o governo Bolsonaro poderá reforçar a violência contra a mulher no Brasil.

Segundo a Agência EFE, um documento elaborado pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (Onudd), indica que 58% de todos os assassinatos de mulheres em 2017 foram cometidos por companheiros ou familiares, o que faz com que o lar seja o “lugar mais perigoso para as mulheres”. O documento defende que as mulheres continuam pagando o mais alto preço como resultado dos estereótipos de gênero e desigualdade.  E, diante de tal situação, a ONU considera crucial para enfrentar o problema envolver os homens na luta contra o feminicídio e “desenvolver normas culturais que se afastem da masculinidade violenta e dos estereótipos de gênero”. A ONU também indica como boa política de prevenção a “educação precoce de meninos e meninas, que promova a igualdade de gênero e ajude a quebrar os efeitos negativos dos papéis de gêneros estereotipados”. O governo Bolsonaro Bolsonaro vem totalmente na contramão das políticas mundiais contra a violência à mulher.

Casos

Segundo matéria do portal G1, do dia 5/01, o primeiro caso de feminicídio em 2019 aconteceu depois de uma festa de Réveillon na Taquara, Zona Oeste. O ex-marido de Iolanda Souza não aceitava a separação. E, segundo as investigações, diante dos filhos dela, deu mais de 30 facadas na ex-mulher.

Já o caso de Tamires Blanco, 30 anos, encontrada morta na casa onde morava, em Piedade, zona norte do Rio, no último dia 5, chocou pela tamanha crueldade do assassino, seu ex-companheiro, ao deixar o filho de 11 meses sobre o corpo da mulher morta a garrafadas na cabeça.

Os casos de agressões sem morte têm sido tantos que ainda não foram contabilizados no total.

A advogada Ana Cristina Rossi, 26 anos, narrou em sua página no Facebook uma relação abusiva que vivenciou recentemente e que culminou com a agressão física do ex-namorado a ela e a um amigo na pizzaria Bells em Florianópolis (SC).

“Na madrugada do dia 30, em uma festa de pré Réveillon entre amigos (após ter, graças a Deus, ido até São Paulo deixar minha filha com o pai para as festas de final de ano) fui agredida pelo meu ex namorado, Hyuri Sérgio Duarte, 22 anos, morador da Armação do Pântano do Sul, funcionário da SRS”, contou em sua página.

“APENAS um soco, com tanta força, tanto ódio, tanta maldade… que quebrou meu nariz, e cortou, tomei 3 pontos. Mas nem havia percebido o que me marcou e acho que nunca vou esquecer foi a cena em câmera lenta meu amigo indo pra trás e voando e caindo no chão, 3 metros de altura, 6 pontos na boca e 2 vértebras da coluna lombar quebradas”, lamentou.

Fonte: CSP-Conlutas com edição da ADUA-SSind.



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