Data: 04/12/2018
“É preciso construir uma frente ampla, de unidade de ação, para derrotar as políticas que buscam reduzir o papel do Estado, destruir os serviços e os servidores públicos”. Essa foi a principal defesa do presidente do ANDES-SN, Antonio Gonçalves, na mesa "Desafios para a educação superior no Brasil e na América Latina", durante o seminário interno reorganização da classe trabalhadora diante dos desafios do período. Reunindo mais de cem docentes de todo país, o encontro foi realizado nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, na Universidade de Brasília (UNB), pelo Sindicato Nacional e Associação dos Docentes da UNB (AdunB).
Segundo Antonio Gonçalves, as políticas já anunciadas pelo governo eleito atacam os serviços e os servidores públicos nos diferentes níveis da federação. Embora pareçam estar desarticuladas, argumenta, essas políticas compõem um projeto ultraliberal de redução do papel do Estado na sociedade. “Nós como servidores públicos e como docentes do ensino superior somos alvo nesse processo”, explica. Diante deste cenário, “só nos resta chamar a unidade de ação da nossa classe para fazer os enfrentamentos”, afirma Antonio.
O debate também contou com Alejandro Gorgal, professor da Universidade da República do Uruguai. Ele destacou que o avanço contra as universidades públicas é uma realidade em diferentes países da América Latina. Para o professor, o conjunto do movimento docente tem que defender a perspectiva de uma universidade Latino Americana que “tem suas origens fundamentais no Movimento de Córdoba [na Argentina]”. Este movimento, que completa 100 anos, segundo Alejandro, criou os princípios da universidade que defendemos atualmente.
“Quais são esses princípios? A autonomia universitária, a participação democrática, a gratuidade, o caráter público da formação universitária. A extensão universitária, que surge com Córdoba, e tem a ver com essa articulação entre pesquisa, ensino e extensão”.
Desafios da reorganização da classe
O evento teve, na mesa de abertura, na sexta-feira (30), Mauro Iasi e Plínio de Arruda Sampaio Júnior debatendo "Conjuntura e os desafios da reorganização da classe". No período da tarde, os presentes se dividiram em grupos de trabalho, quando puderam aprofundar nos debates. No sábado (1) de manhã, a primeira mesa do dia debateu os Desafios para a educação superior no Brasil e na América Latina, com o presidente do ANDES-SN, Antonio Gonçalves, e Alejandro Gorgal, professor da Universidade da República do Uruguai.
Na parte da tarde, foi a vez dos presentes debaterem a segurança do sindicato e dos sindicalistas, com a Assessoria Jurídica Nacional; além de conversar sobre segurança digital com as ativistas Fernanda Monteiro e Roberta Nunes. Elas fazem parte da Maria Lab e Vedetas, Coletivas de hackers feministas. Embora não seja uma instância deliberativa, o seminário serviu para debater e acumular análises sobre os perigos colocados para a categoria docente, para os servidores públicos e para a classe trabalhadora.
“O objetivo do seminário foi acumular reflexões e amadurecer um pouco as análises que estamos tendo sobre a conjuntura para melhor nos prepararmos para o próximo período e também para o congresso do ANDES”, avalia Eblin Farage, secretária geral do Sindicato Nacional. Eblin avalia que há muita apreensão dentro da categoria. “Em especial porque nós estamos no foco central do próximo governo, por sermos funcionários públicos, por sermos docentes e por sermos de universidades públicas, que também estão no foco”, argumenta. Ela explica que além dos cortes orçamentários, a categoria docente está sendo perseguida, “porque na visão do [novo] governo, expressa em vários momentos, as universidades públicas seriam espaços de doutrinação ideológica”. Em outras palavras, há um conjunto de ataques ao funcionalismo, à educação e aos professores. “Isso faz com que a categoria esteja apreensiva. E é bom que, além de apreensiva, a categoria esteja disposta a se organizar e a se mobilizar. A gente espera que esse seminário tenha contribuído para isso”, conclui.
Fonte: ANDES-SN
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