Data: 22/11/2018
“Não há dúvida nenhuma de que o bloco no poder vai tentar impor uma ação muito dura dentro das universidades e das escolas. Até aqui, para a nossa alegria, o projeto Escola Sem Partido não passou na comissão, foi adiado, estava sendo discutido hoje, mas esse projeto não precisa nem passar. Ele já está em operação prática em várias unidades do país”. Esta foi a afirmação do professor Epitácio Macário, da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece) que palestrou na tarde desta quinta-feira (22), no I Encontro das Seções Sindicais da Regional Norte 1, do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), no auditório da ADUA-SS.
À frente da palestra “O desmonte da Ciência e Tecnologia Públicas nas universidades”, Macário defendeu a participação do ANDES-SN e das Seções Sindicais no fortalecimento da luta das sociedades científicas para a retomada dos orçamentos voltados a C&T. “Precisamos estar juntos nesse momento e retomar os orçamentos. Inclusive buscando o que a SBPC, o PNE e outras associações dizem: que chegar a 2% do PIB seria o ideal”, afirmou.
O docente falou ainda sobre o aprofundamento do ajuste regressivo em processo, desde o governo de Dilma Rousseff e as medidas necessárias para a implantação dessa agenda em sua totalidade. De acordo com Macário, o aprofundamento só era possível através do afastamento do governo de todo e qualquer cuidado que se tivesse em mexer nos direitos sociais, sendo esta uma das razões do golpe. “Ocorre que para completar essa agenda era preciso legitimar o golpe. E legitimaram retirando Dilma e Lula do páreo. Aí se elege claramente um porta-voz deste projeto”, destacou.
Para o docente, o resultado de toda esta articulação é o aprofundamento dos conflitos sociais e da luta de classes, enquanto, em contrapartida, sem nenhuma cerimônia o bloco no poder diz que a forma de enfrentar a questão é desmantelando o que há de resistência.
“O filósofo deles, Olavo de Carvalho, há 15 dias das eleições deu um depoimento dizendo ser preciso, no próximo período, se preocupar com duas coisas: eliminar ideologicamente todo o ativismo e, pasmem, eliminar os sujeitos coletivos e individuais que praticam os ativismos. Então a eliminação de sindicatos já começou. A reforma trabalhista já criou uma situação em que há hipóteses de que, nos próximos três ou quatro anos, cerca de 60% dos sindicatos existentes serão desmantelados”, destacou o docente.
Macário fez destaques ainda sobre os desafios estruturais e conjunturais, dentre eles a dependência econômica, científica, tecnológica e cultural; o fortalecimento da nação; e a não privatização, sendo necessário para isso mostrar à sociedade que as empresas públicas (Petrobras, Embraer e Embrapa) são as que mais produzem C&T no Brasil. A defesa das instituições públicas (Universidades e Institutos Federais); a expansão do ensino universitário público; e a garantia da política de cotas também estiveram entre os desafios apontados pelo docente.
Fonte: ADUA-SS
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