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ADUA-SS lança campanha contra assédio e debate sobre o tema em seminário



Data: 31/10/2018


Os assédios moral e sexual foram temas de debate durante o Seminário “Desafios para o Sindicalismo na Conjuntura Atual”, na manhã desta quarta-feira (31), na Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA-SS), organizadora do evento. O assunto foi tema da palestra “Assédio na Universidade: O que significa e como pode ser enfrentado”, ministrada pela 1ª secretária do ANDES-SN, Caroline Lima. O encontro foi encerrado com o lançamento da campanha “Não é Não – ADUA contra toda forma de assédio”.

A conferencista iniciou o seminário explicando que os assédios moral e sexual são formas de violência e resultados de como as opressões e exploração de classe são perpetuadas em diferentes ambientes de trabalho, que inclui o acadêmico. “Até então as universidades nunca se preocuparam em criar espaços, elas estão sendo obrigadas por causa dos movimentos sociais que têm feito com que o assédio seja desnaturalizado”, afirmou a 1ª secretária do ANDES-SN.

Caroline Lima explicou que existem diferentes situações que levam ao assédio. “Precisamos identificar o que incentiva o assédio moral, muitas vezes ele está cheio de racismo, homofobia. A origem vem do fato da pessoa ser mulher, negra, feminista, gay”, disse. Outras vezes a origem pode ser política de produtividade nas universidades. “Tudo isso está dando poder aos nossos chefes de departamento de nos cobrar, de nos violentar para dar conta do trabalho. O assédio moral se constitui a partir dessas cobranças também”, afirmou.

O assédio tem promovido o adoecimento e até o suicídio de professores e estudantes. “Essa forma de violência começou a adoecer a categoria e os estudantes, muitos acabando com depressão diante da opressão dos seus orientadores”, disse. Caroline citou alguns exemplos. “Foi registrado um caso de estupro na Universidade Federal de Goiás (UFG) e a universidade tentou abafar, não sabiam lidar com a situação. No Instituto Federal da Bahia (IFBA), houve registro de suicídio de um docente por perseguição política, por ser gay”.  

A identificação de como essa violência se dá é fundamental para que a construção de instrumentos de combate, segundo a 1ª secretária do Sindicato Nacional. “Para fazer esse enfrentamento a gente precisa aprofundar como se dá as relações de gênero, não esquecer a forma como a nossa nação foi criada, o que é a cultura do estupro. Isso está muito presente. É por isso que nós precisamos criar nas nossas universidades espaços de acolhimento para quem sofre esse tipo de violência”, afirma.

Papel do sindicato

Sobre o papel do sindicato nessa conjuntura, Caroline lembrou que o ANDES-SN criou uma Comissão de Ética para apurar os casos de assédio e abuso sexual e moral nos espaços de debate e luta do Sindicato Nacional e dar os encaminhamentos necessários. A inciativa foi aprovada após o registro de denúncias de assédio sexual durante o 36° Congresso do ANDES-SN, em janeiro de 2017, em Cuiabá (MT). A comissão foi lançada em julho do mesmo ano, durante o 62º Conselho do ANDES-SN, em Niterói (RJ). Na ocasião também foi lançada uma campanha contra o assédio sexual com cartazes, adesivos, vídeo e a nova edição da cartilha “Contra todas as formas de assédio, em defesa dos direitos das mulheres, das/os indígenas, das/os negros, das/dos LGBTs”.

“Desde então, os nossos sindicatos estão se tornando referência de acolhimento, inclusive de estudantes que sofrem assédio, na UNEB, vários casos de estudantes que sofreram assédio sexual não procuraram o DCE, nem procuraram a reitoria, procuraram a Aduneb [Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia]. E por que? Porque o ANDES se colocou como uma entidade que quer falar, que quer debater o assunto. Então a pessoa que quer ser orientada, que procura uma rede de proteção vai procurar uma entidade que ela vai se sentir acolhida e hoje, então nós nos tornamos modelos para outras entidades”, disse.

Segundo Lima, o papel do sindicato é formar, informar, colocar o debate em foco, abrir espaços de discussão para o combate desse tipo de violência e também pautar as universidades para que criem espaços de acolhimento. “Quando as vítimas registram um processo elas vão sofrer uma segunda violência, por serem procuradas pelos agressores para retirarem o processo, a intimidação, que também é assédio moral. Por isso, os espaços de acolhimento são importantes, para que a vítima não fique sozinha e venha a adoecer”. A secretária do ANDES-SN finalizou resumindo que os sindicatos devem ser espaços de discussão, acolher as vítimas, garantir a defesa do acusado para que não ocorra um processo “inquisitório”, e cobrar apuração das universidades e a criação de espaços de acolhimento.

Lançamento da campanha

Ao final do seminário, que contou com o debate de docentes, técnicos e estudantes da Ufam, foi realizado o lançamento da campanha "Não é Não – ADUA contra toda forma de assédio". A apresentação da campanha foi feita pelo 1ª vice-presidente da ADUA-SS, Milena Barroso. “Os movimentos sociais tem mostrado que essas pautas não podem ser consideradas de menor importância e que não tem relação com a luta de classes, pelo contrário, isso está transversalizado, não tem como pensar classe trabalhadora, sem pensar no racismo, no sexismo, que estrutura as nossas relações sociais, se eu não enfrento tudo isso, o assédio eu não consigo travar as lutas exigidas como a defesa da educação pública, por exemplo”, comentou.

O seminário seguiu no período da tarde com a palestra “Organização Sindical e o Ataque às Universidades Públicas”, ministrada pela 1ª vice-presidente do ANDES-SN, Qelli Viviane Dias Rocha, docente sindicalizada da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat).

Fonte: ADUA-SS


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