Data: 18/10/2018
Diante de ataques a professores e estudantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) motivados por uma onda de violência e fascismo, intensificada em todo país após o 1º turno da eleição presidencial brasileira, a Seção Sindical dos Docentes da Ufam (ADUA-SS) se posicionou, na manhã desta quinta-feira (18), durante reunião ordinária do Conselho Universitário (Consuni) da Ufam, com a leitura de uma moção de repúdio. A discussão do tema será realizada ao final da reunião do conselho, previsto para esta sexta-feira (19).
Sobre os ataques direcionados às universidades brasileiras de modo geral, a moção de repúdio destaca que “a demonstração de intolerância contra as matrizes do pensamento crítico tem se manifestado de forma física e simbolicamente violenta”. No texto, a ADUA-SS se posiciona, ainda, sobre a necessidade de defender a liberdade de cátedra; a favor da educação pública e com respeito à democracia, liberdade de expressão e diversidade; repúdio a toda forma de violência política (física e simbólica) e à disseminação da cultura protofascista no interior da comunidade acadêmica; e em defesa da comunidade LGBT, mulheres, indígenas, negros e caboclos.
Conforme votação dos conselheiros presentes no Consuni, a da moção do repúdio foi incluída na pauta e a sua discussão será realizada ao final da reunião do conselho, previsto para esta sexta-feira (19).
A leitura da moção foi feita pelo vice-presidente da ADUA-SS, Luiz Fernando Souza, seguindo a decisão da rodada de assembleias da Seção Sindical, ocorrida nos últimos dias 15, em Humaitá, e 16, em Manaus e em Parintins. Durante as assembleias, os docentes decidiram encaminhar ao Consuni a moção de repúdio aos ataques contra professores e estudantes, vítimas de discursos de ódio e de violência por motivação política. A categoria também deliberou por exigir da Administração Superior a imediata apuração dos casos, com consequente punição dos agressores, para que a sensação de impunidade não permeie também a instituição.
A rodada de assembleia também resultou na formação de uma comissão formada por docentes voluntários, que realizaram sua primeira reunião no último dia 16, na sede da ADUA-SS, para articular o contato com estudantes e técnicos da Ufam e também definir um calendário de ações para os próximos dias. Entre elas, a realização de aulas e debates públicos dentro e fora da Ufam. Além disso, os docentes aprovaram, ainda, a realização de uma Assembleia Geral comunitária (com data a ser definida), envolvendo os três segmentos, para discutir os riscos da destruição do Estado Democrático de Direitos.
Leia na íntegra a Moção de Repúdio lida durante o Consuni:
MOÇÃO DE REPÚDIO
Vivemos tempos sombrios. É inerente à formação da sociedade capitalista a constituição de um pensamento marcado pelo reacionarismo. A manifestação do fascismo é a expressão exacerbada deste reacionarismo, agora em condição de irracionalidade. No caso da sociedade brasileira, estruturalmente formada, conforme apontou o pensamento sociológico dos fundadores da sociologia no Brasil, assentado no horror-pânico que as elites têm dos subalternos, o solo para o reacionarismo de corte fascista tem solo fértil para prosperar. Nos dias correntes, a exacerbação do ódio contra tudo àquilo que nega a perspectiva do fascismo, do autoritarismo, está presente em todos os lugares. Inclusive na Universidade.
A universidade Federal do Amazonas não passa ao largo desta conjuntura. A demonstração de intolerância contra as matrizes do pensamento crítico tem se manifestado de forma física e simbolicamente violenta. Professores são atacados, mensagens enviadas por redes sociais trazem veto ao conteúdo ministrado pelos (as) docentes, a comunidade LGBT, mulheres, representantes do movimento estudantil têm sido sistematicamente assediados, violentados, coagidos, pela força física e simbólica por sujeitos que veem na repressão o único meio para se contrapor ao livre pensar.
Diante disso, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Amazonas vem apresentar os seguintes posicionamentos:
a) Defender a liberdade de cátedra;
b) A favor da educação pública e com respeito à democracia, liberdade de expressão e diversidade
c) Repudiar toda forma de violência política (física e simbólica);
d) Repudiar a disseminação da cultura protofascista no interior da comunidade acadêmica;
e) Defender a comunidade LGBT, mulheres, indígenas, negros e caboclos.
Fonte: ADUA-SS |