Data: 18/09/2018
Os apoiadores do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) bem que tentaram, mas não conseguiram. O grupo no Facebook “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, com mais de 2,5 milhões de integrantes, voltou ao ar no último domingo (16), depois de ter sido hackeado na sexta-feira (14). Os invasores trocaram o nome da página para “Mulheres Com Bolsonaro #17”, incluíram uma foto do candidato, excluíram as administradoras do grupo e publicaram uma série de ofensas e ameaças físicas às participantes. O ataque causou a indignação e repúdio entre internautas, outros presidenciáveis e artistas e, num efeito reverso, ampliou a mobilização.
Em nota oficial, as administradoras afirmam que o grupo foi recuperado: “Desde o ataque ao grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, observamos uma enorme mobilização das mulheres, inclusive com a criação de novos grupos com o mesmo objetivo. Nossa semente foi plantada. Apoiamos todos os grupos que disseminam o mesmo ideal antifascista e contrário ao mesmo candidato ao qual fazemos frente de resistência. Informamos que o grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” foi recuperado e está em manutenção. Não fomos deletadas e seguiremos retornando, somos incansáveis. Não vão nos calar. #elenao”.
A página foi criada há cerca de duas semanas para fazer oposição ao candidato do PSL, conhecido pelas declarações machistas, racistas, LGBTfóbicas e a favor da Ditadura Militar e da tortura. Em pouco tempo, a página ultrapassou 2 milhões de mulheres participantes, tornando-se até agora um dos maiores fenômenos das redes sociais nestas eleições.
Com as hashtags #EleNão #EleNunca #EleJamais, as postagens das integrantes do grupo, que têm viralizado nas redes sociais, mostram total aversão ao candidato de ultradireita e tem o objetivo não só de combater suas posições machistas e misóginas, mas também de barrar sua eleição.
Atos no dia 29
Depois de ocupar as redes sociais, o movimento agora promete tomar as ruas. Pelo Facebook, as mulheres convocaram atos contra o “Coiso”, como o candidato é nomeado. Há registros de páginas com eventos em cidades como Manaus (AM) - o ato ocorre, às 17h, no Largo São Sebastião, no Centro -, São Paulo (SP), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Vitória (ES), Campo Grande (MS), Salvador (BA), Santos (SP), Goiânia (GO), São José dos Campos (SP). Os atos são descentralizados, com organizadores diversos, a exemplo da variedade do próprio grupo.
Em São Paulo, o evento no Facebook tem mais de 200 mil pessoas interessadas, sendo 70 mil confirmadas. A manifestação está sendo convocada para o Largo do Batata, tradicional ponto de manifestações na capital paulista. Para a integrante do Movimento Mulheres em Luta, Marcela Azevedo, o surgimento e a repercussão do grupo são uma resposta das mulheres à altura da propagação de ódio e discriminação aos setores oprimidos que o candidato representa. “Já faz um tempo que as mulheres vêm enfrentando os ataques aos seus direitos e os governos que escancaram a verdadeira cara feia do capitalismo. Foi assim nos EUA, contra Donald Trump, e na França, contra a candidata de direita Marine Le Pen. As mulheres estão cansadas de tanto machismo, violência e exploração”, afirma.
Marcela destaca que é importante que esse movimento que ocupou as redes sociais também ganhe as ruas, pois é na luta direta que a classe trabalhadora pode, de fato, garantir suas reivindicações. Mas alerta que a luta das mulheres para ser vitoriosa de fato precisa se dar junto à classe trabalhadora, sem ilusões no “mal menor”. “Bolsonaro é inimigo das mulheres e precisa ser derrotado. Mas também entendemos que a luta das mulheres trabalhadoras precisa ser contra TODOS e TODAS os(as) candidatos(as) que, mesmo não tendo um discurso machista escancarado, na prática aprofundam a opressão e a exploração sobre as mulheres, porque governam para a burguesia. Não existe mal menor. As mulheres precisam é fortalecer a sua luta e sua organização para luta contra o machismo e a violência”, afirmou.
Fonte: CSP-Conlutas
Com edição da ADUA |