Debate promovido pela Adufmat Seção Sindical deixa claro que governo ignora anseios dos professores
O representante do Governo Federal deixou claro que sabe o que quer e tem um Plano de Carreira e Cargos de Magistério Superior Federal, construído à revelia da base de categoria e não atende aos anseios dos professores das universidades brasileiras. Em explanação no debate sobre Carreira Docente e Dedicação Exclusiva, Duvanier Paiva Ferreira, secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SRH/MP), destacou principalmente como positivas no plano proposto pelo governo a criação da categoria sênior na hierarquia docente e a flexibilização da DE. O evento foi promovido pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat).
Para o professor doutor da USP, Ciro Teixeira, presidente do Andes-SN, nem uma coisa nem outra está entre as reivindicações dos professores e o plano de modo geral está ligado à lógica privatista. Ciro Teixeira destacou que a principal reivindicação dos docentes, na campanha salarial deste ano é a linha única no holerite. A ideia é acabar com os chamados penduricalhos que não consolidam o salário integral e são desconsiderados no momento da aposentadoria. No entanto, o governo tem ignorado essa bandeira. A mesa de debate foi presidida pelo professor Carlinhos Eilert, presidente da Adufmat.
Mais de 100 professores e representantes de outros movimentos sociais, além de estudantes e servidores, participaram do debate, na última sexta-feira, 9, à tarde, no auditório da Adufmat. Também esteve presente na primeira hora do debate a reitora Maria Lúcia Cavalli Neder.
Professor quer greve
O professor Maurício França, diretor sindical do Sinasefe-SP veio a Cuiabá por entender que esse debate seria interessante, uma vez que o Sinasefe está junto com o Andes-SN na luta pelo holerite com linha única. Ele avalia que o governo vai jogar a questão para o Congresso Nacional e isso pode provocar uma greve. “Vamos ter que fazer greve para nos defender, porque queremos carreira única e uma carreira decente”.
Para desconstruir a falsa ideia de que este plano do governo é bom, Ciro Teixeira atacou as fundações, como entidades absolutamente perniciosas e que não dão conta de mover universidades para atenderem às sociedades nas quais elas estão inseridas. No entanto, é para atender a essas fundações que o governo quer agora flexibilizar a DE.
O presidente do Sindicato Nacional também disse que o Governo Lula controla e coopta entidades sindicais e movimentos sociais. Segundo Ciro Teixeira, o que querem delas é a substituição de uma postura de luta por outra mais conforme e que isso é estranho, a medida que em outro momento histórico, ou seja, antes da eleição de Lula, essas lideranças já estiveram a defender os mesmos propósitos que agora negam.
Sobre isso, Duvanier Ferreira disse que o governo Lula não fez a revolução e não vai fazer a revolução socialista do PT. É que precisamos enxergar o governo dessa forma. Disse ainda que este é um governo de coalisão e que sem essa coalisão o Partido dos Trabalhadores (PT) sozinho não tem 30% do Congresso Nacional. Disse isso para justificar que “o governo precisa governar”.
Segundo Ciro Teixeira uma reforma universitária que interessa tiraria o professor dessa correria diária da superprodução. Além disso, devolveria o docente ao ambiente de estudo, com um tempo mais razoável para cumprir o tripé ensino, pesquisa e extensão. Porém, esse cenário vai em rota de colisão com a lógica atual nas universidades que estão preocupadas em vender serviços em troca de financiamentos privados e que isso só interessa ao setor privado.
Fonte: Adufmat |