Data: 21/07/2018
Uma manifestação pela legalização do aborto no Brasil com cerca de 700 mulheres, no início da noite de quinta-feira (19), saiu do início da Avenida Paulista, desceu a Rua Augusta para terminar na Praça Roosevelt, centro de São Paulo. O ato chamou atenção por onde passou. Fotos, vídeos em celulares e manifestações de apoio puderam ser vistas, principalmente por parte de outras mulheres que transitavam pelas ruas.
Das palavras de ordem entoadas com tambores e instrumentos de percussão, um chamado por solidariedade entre as mulheres: “Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor”.
Inspiradas na luta das mulheres argentinas, a manifestação pela legalização do aborto defende a vida das mulheres no Brasil.
“Estamos aqui pela vida das mulheres trabalhadoras que morrem por sequelas, por fazer abortos clandestinos sem a menor condição de higiene ou de saúde”, salientou a metroviária e integrante do MML (Movimento Mulheres em Luta) Mariza Santos.
Do Coletivo Juntas, Julia Machines ressaltou: “O aborto no Brasil é tratado como caso de polícia e não de saúde pública”.
De acordo com os próprios números do Ministério da Saúde, o Brasil registra uma média de quatro mortes por dia de mulheres que buscam socorro nos hospitais por complicações em decorrência de aborto clandestino. Por dados como esses, a professora Myra Machado, do coletivo Pão e Rosas, defende o fortalecimento dessa luta. “Queremos trazer a maré verde da Argentina também para o nosso país, é preciso legalizar o aborto já no Brasil”.
A “maré verde” a qual se refere Myra é a luta das mulheres argentinas pela legalização do aborto naquele país, que em junho desse ano conquistou a aprovação na Câmara dos Deputados do projeto de lei que descriminaliza o aborto, podendo ser feito até 14 semanas de gestação. Depois deste prazo, a interrupção da gravidez só poderá ser realizada em casos de estupro, se representar um risco para a vida e a saúde da mãe e também se o feto tiver alguma malformação “incompatível com a vida extrauterina”. Contudo, a decisão não é definitiva. Nova votação acontece em 8 de agosto, desta vez no Senado para a qual estão marcadas grandes manifestações.
O ato de mulheres na noite dessa quinta-feira contou com a presença da dirigente de professores na Argentina, Lorena Cárceres, que veio prestar seu apoio à mobilização no Brasil. “É muito importante que essas lutas cresçam pelo mundo. Assim como ficamos felizes que a nossa luta tenha inspirado mulheres em outros países, elas também fortalecerão a nossa no dia 8 de agosto”, disse Lorena referindo à votação no Senado.
Se a manifestação começou pedindo a solidariedade feminina ao final clamava pela importância do apoio de todos. “Aborto legal, na luta se consegue quando uma mulher avança nem um homem retrocede” entoavam as mulheres e homens na manifestação.
Fonte: CSP-Conlutas
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