Povos indígenas do Vale do Javari repudiaram a possível nomeação do pastor Ricardo Lopes Dias para assumir a Coordenadoria Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC) da Fundação Nacional do Índio (Funai). A coordenação da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirmou em nota que a nomeação “é mais uma atuação estúpida e irresponsável" do governo Bolsonaro.
Ricardo Lopes Dias trabalhou como missionário evangélico entre indígenas da Amazônia por uma década, na Missão Novas Tribos do Brasil, mas diz ter sido indicado ao cargo por sua formação como antropólogo. A organização em que Ricardo trabalhou tem um histórico controverso ao respeito pelas práticas e culturas dos povos indígenas e já foi associada a epidemias que dizimaram o povo zo'é, que mantiveram contato com missionários do grupo em 1982.
Proteção a povos isolados
A CGIIRC da Funai tem como principal atribuição proteger esses povos. A possível nomeação de Ricardo é vista como maléfica para os povos indígenas. "As conquistas consolidadas por décadas na proteção aos índios isolados passam a estar ameaçadas, já que, na prática, quem vai executá-las são àqueles que já promoveram desgraças à vida e a sociedade de inúmeros povos indígenas na Amazônia", afirma um trecho da nota.
A atuação missionária nas aldeias é extremamente nociva para os povos indígenas, tanto pela questão das doenças, quanto pela desorganização étnica, social e cultural dos povos indígenas. A possível nomeação de Ricardo pode ocasionar a perda de direitos e abrir portas para mais violência contra povos indígenas. “Pedimos as autoridades competentes que impeçam mais esse retrocesso, que dessa vez irá afetar de forma vital aos nossos parentes que optaram em viver plenamente autônomos no interior de nossas terras", complementa outro trecho da nota.
Fontes: Coordenação da UNIVAJA & Portal Terra com edição da ADUA-SSind
Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real
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