Data: 12/04/2018
Mais de 2,5 mil pessoas, entre docentes, técnico-administrativos e estudantes da Universidade de Brasília (UnB), realizaram uma manifestação unificada na terça-feira (10), para cobrar a liberação de recursos para a instituição, que vive uma grave crise financeira.
O ato teve início às 10h, com uma marcha pela Esplanada dos Ministérios, na capital federal, e protesto em frente ao Ministério da Educação (MEC). Por volta de 11h, um grupo de docentes, técnicos e estudantes entrou no prédio e esperou ser chamado para uma reunião com representantes da pasta. Após três horas de espera, o grupo foi recebido pelo secretário-executivo adjunto do Ministério da Educação, Felipe Sartori. Na ocasião, foi apresentada a pauta de reivindicações específica da Unb e os problemas enfrentados pela instituição nos últimos tempos, como a demissão de 55% do quadro de trabalhadores terceirizados, o aumento do valor do Restaurante Universitário e o corte de estagiários, conforme foram anunciados pela administração da Unb.
Enquanto isso, do lado de fora, a polícia agiu com truculência contra os manifestantes, utilizando spray de pimenta, bombas de gás e jatos d’água para acabar com o protesto. Três estudantes foram presos e um deles foi agredido durante a revista, segundo Erlando Rêses, 2ª vice-presidente da Regional Planalto do ANDES-SN, que observou a abordagem e se aproximou quando viu as agressões. Dois estudantes foram levados para a Polícia Federal, e outro, para a 5ª Delegacia de Polícia. Após a ação da polícia, e o fim do ato, dezenas de estudantes da UnB ocuparam a sede do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), para cobrar por mais recursos orçamentários para a UnB.
“A negociação no MEC não avançou em nada para além de apresentarmos as reivindicações e protocolarmos um documento com o relato da situação e o pedido de socorro. Já com os estudantes, em ocupação no FNDE, o mesmo secretário executivo adjunto do MEC, senhor Felipe Sartori, foi mais receptivo e sentou em negociação com cinco representantes”, contou Erlando Rêses.
Durante as negociações com os estudantes, o MEC garantiu uma reunião intermediada pelo Ministério Público Federal (MPF) nas dependências da UnB, com a presença de representantes dos estudantes, estagiários, servidores e terceirizados; a participação da comunidade acadêmica nas auditorias das contas da universidade; e a realização de audiência pública na Câmara dos Deputados.
Crise na Unb
A reitoria da UnB apresentou para a comunidade acadêmica, em diversos momentos, a situação crítica do seu orçamento para a manutenção da universidade, anunciando a dificuldade do funcionamento da instituição no próximo semestre.
O déficit orçamentário da UnB chega a R$ 93 milhões e, segundo a instituição, seria necessária uma suplementação orçamentária na ordem de R$ 18 milhões para o funcionamento da universidade até o final do semestre. A reitoria argumenta não poder utilizar recursos próprios e oriundos de emendas parlamentares, em decorrência da Emenda Constitucional 95/16, que congela os gastos públicos pelos próximos anos.
“Somos conhecedores do tratamento que esse governo ilegítimo e golpista tem dispensado para a educação pública nos últimos anos. Em 2015, o orçamento para a educação superior foi de R$ 13 bilhões, e em 2017, que foi o mesmo para 2018, houve queda acentuada, chegando a cifra de R$ 5,9 bilhões. Para complicar ainda mais a situação fez aprovar a Emenda Constitucional 95, conhecida como Teto dos Gastos Públicos. A reitoria argumenta que, com base na EC 95, o governo dificulta o uso do recurso próprio da UnB. Mesmo que tal reunião aconteça, corremos o risco de continuarmos no impasse porque há fatos que transcendem a disputa de números. Por isso, 10 de abril de 2018 deve ser lembrado como o dia que não acabou”, afirmou Erlando Rêses, que diante do cenário posto completou: “A luta e a resistência devem continuar de forma coesa entre os segmentos institucionais, o ANDES-SN, os estudantes e demais setores organizados da sociedade por uma unidade de ação.”
Fonte: ANDES-SN
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