O grande inimigo do meio ambiente, para o ministro da Economia Paulo Guedes, é a pobreza. Segundo ele, as camadas da sociedade desfavorecidas economicamente “destroem porque estão com fome”. A afirmação foi feita durante seu discurso no painel “Shaping the Future of Advanced Manufacturing”, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, nesta terça-feira (21).
Em 2019, o governo Bolsonaro adotou medidas que enfraqueceram as táticas de fiscalização ambientais e reduziram as verbas de custo para a proteção do meio ambiente, incentivando as práticas ilegais de madeireiros e garimpeiros, ampliando consideravelmente o desmatamento na região amazônica. Mas, para o ministro, o grande inimigo do meio ambiente é a pobreza.
O discurso de Guedes desconsiderou a influência do setor neopentecostal ligado ao governo, que ataca e desrespeita as populações tradicionais e suas culturas, fortemente ligadas ao meio ambiente, como quilombolas, comunidades ribeirinhas, tradicionais de pescadores. Em 2019, diversas lideranças indígenas foram mortas em confrontos com madeireiros e garimpeiros invasores.
Operações mostram os verdadeiros culpados
As operações de combate ao desmatamento da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas mostram que, ao contrário do que disse o ministro, não é o “pobre”, e sim os empresários milionários os verdadeiros responsáveis pelos maiores registros de exploração ilegal da floresta.
Iniciada em 2017 e tendo seu último desfecho em 2019, a operação ‘Arquimedes’ indiciou 22 empresários que tinham uma sociedade com 24 empresas com capitais sociais que chegam a R$ 10 milhões, e que, em menos de dois anos, desmataram 10 mil metros cúbicos de madeira. A declaração de Guedes, além de preconceituosa, tenta manipular a opinião da comunidade internacional sobre quem realmente são os inimigos da floresta no Brasil.
Fonte: CSP-Conlutas e coluna Claro&Escuro com edição da ADUA-SSind
Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real
|