Data: 23/11/2017
Por defender o ambiente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e seus alunos contra uma ação truculenta da polícia, quatro professores e um técnico-administrativo estão sendo criminalizados pelo Ministério Público Federal (MPF). Em consonância com o ANDES, a ADUA repudia a ação judicial e se solidariza com os profissionais.
O episódio ocorreu no dia 24 março de 2014, quando a comunidade acadêmica se manifestou contra a prisão de um aluno por porte de maconha, após uma operação da Polícia Federal realizada sem autorização da reitoria da UFSC. Com a resistência, a ação foi reforçada pela tropa de choque da Polícia Militar, que avançou sem piedade.
Sobre a bárbara ação policial com balas de borracha e gás lacrimogêneo, o professor de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, ex-presidente do ANDES e um dos citados na ação do MPF, Paulo Rizzo, disse não ter visto nada parecido em 36 anos na universidade. “A tropa agiu de forma muito violenta e disso resultou um inquérito na polícia de que houve uma ação de tentar impedir o trabalho da polícia, e desse processo saiu uma ação criminal, em que estavam envolvidos quatro professores, um técnico e vários estudantes”, contou.
No processo criminal e na sindicância da universidade, os professores e o técnico foram inocentados por falta de provas, segundo Rizzo. “Mas o MPF entrou com uma ação de improbidade administrativa contra os professores e o técnico e pede exoneração do cargo, perda de direitos políticos e indenização dos carros depredados pelos alunos depois que o estudante foi levado preso”, contou.
Na ação, o MPF acusa os professores de terem incitado a violência e a depredação do patrimônio público. “O que estávamos tentando fazer era negociar (...) o que eles têm até agora são depoimentos dos policiais que estavam na ação e vídeos da imprensa, que eles nem sabem o que dizíamos, mas supõem o incitamento porque os estudantes aplaudem no final das falas”, contou o professor. Na ocasião, o argumento da comunidade acadêmica era de que o estudante deveria assinar um termo de apreensão de drogas e ser liberado.
Depois da conclusão do processo criminal e da sindicância não há sentido na ação do MPF. “A campanha é pelo arquivamento do processo do MPF. Não tem o menor sentido gerar mais uma ação na Justiça que não tem provas nenhuma. É um processo forjado para incriminar os professores e o técnico. Por isso, exigimos o arquivamento”, disse. Enquanto isso, os docentes e o técnico ainda não foram ouvidos pelo MPF. Além de Rizzo, também são citados os docentes Wagner Damasceno, Paulo Pinheiro Machado e Sônia Maluf.
Nota de Repúdio
O ANDES, em nota de repúdio, afirma que “trata-se claramente de um ato político de punição aos servidores que defendem o caráter público e a autonomia da Universidade e que agem em consonância com sua função pública”. No documento, assinado por quase 30 entidades, o Sindicato Nacional repudia a iniciativa do MPF, exige o arquivamento do processo e se solidariza com os servidores, pontos referendados pela ADUA.
Fonte: ADUA |