Data: 22/09/2017
Ao longo de três horas de um intenso debate, promovido pela ADUA, nesta quinta-feira (21), sobre o teor da proposta da Resolução nº 022/2017, suspensa pelo Conselho de Administração (CONSAD) da Ufam, em agosto deste ano, e que dispõe sobre as novas regras do regime de trabalho docente, da alocação de carga horária e dos procedimentos relativos à aprovação do Plano Individual de Trabalho (PIT) e do Relatório Individual de Trabalho (RIT) dos professores da universidade, a necessidade de definir o modelo de universidade que se deseja implementar, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foi um ponto unânime entre os presentes. Afinal, como é possível elaborar resoluções pontuais sem levar em consideração o que o país precisa?
Para o 1º vice-presidente da Regional Norte 1 do ANDES-SN, professor Marcelo Vallina, ao ignorar a discussão sobre o modelo de universidade que a sociedade deseja, corre-se o risco de que prevaleça o conceito de “escolão” que o governo Fernando Henrique tentou implantar e que se deu no governo Lula e Dilma. “Modelo no qual você tem que formar de acordo com a exigência do mercado de trabalho”, critica.
Um dos debatedores convidados para a discussão, o professor do Departamento de Antropologia da Ufam, Lino João de Oliveira Neves destacou ao longo de sua fala outros pontos preocupantes trazidos pela Resolução 022/2017: a supervalorização das atividades de administração em detrimento das de ensino, pesquisa e extensão; o objetivo claro da normativa de gerar entraves para que determinados docentes não consigam ascender na carreira; e a extinção da exigência do PIT nos processos de progressão/promoção trazida pela Resolução 013/17 enquanto que na Resolução 022/17 a obrigatoriedade do PIT é mantida.
“O grande desafio no caso do PIT e RIT é que nós temos dois documentos que não dialogam entre si, são desarticulados e sequer têm a mesma estrutura em termos de formatação. Fato que a meu ver, já é um indicativo das intencionalidades distintas que estão nos dois documentos. Nós falamos de uma forma bastante concreta da indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão, o tripé da universidade, só que, ocorrendo a dissociabilidade a universidade passa a ser uma universidade fatiada na qual o ensino se torna um escolão de terceiro grau”, enfatizou Lino João.
Convidado também para compor a mesa como debatedor, o professor da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), professor Henrique Pereira destacou a necessidade de que a discussão sobre a carga horária docente ocorra de forma democrática, sem esquecer a defesa intransigente da autonomia universitária. “Hoje, o docente é mais avaliado pelas atividades de pesquisa e extensão do que pelo impacto social que a participação dele na formação de 50 doutores e mestres tem”, ressaltou.
As contribuições oriundas do debate realizado, nesta quinta-feira, serão apresentadas pela ADUA na reunião do Conselho Universitário (Consuni) que tratará desse assunto.
Fonte: ADUA
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