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Petição pública contra a extinção da Unila já reúne mais de 12 mil assinaturas



Data: 19/07/2017

Criada em 2010 com o objetivo de promover o ensino, pesquisa e extensão em prol do fortalecimento da integração latino-americana, com ênfase no mercosul, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) corre o risco de ser extinta, caso a emenda aditiva à Medida Provisória (MP) 785, apresentada pelo deputado federal Sergio Souza (PMDB-PR) e que propõe a transformação da Unila em Universidade Federal do Oeste do Paraná (UFOPR), seja aprovada. Para as associações nacionais dos Pesquisadores e Professores de História das Américas (ANPHLAC) e de História (Anpuh), o Fórum Universitário Mercosul (FoMerco) e a Associação Brasileira de Hispanistas (ABH), a proposta é voltada para o agronegócio em articulação com indústrias locais.

Para tentar barrar o retrocesso, as entidades criaram uma petição pública em defesa da Unila, endereçada à Câmara e que já conta com mais de 12 mil assinaturas. Durante o 62º Conad, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), aprovou moção em repúdio à emenda aditiva de Sergio Souza.

"É grande a mobilização entre entidades de estudantes, inclusive na Argentina, e entre órgãos locais, como a prefeitura de Foz do Iguaçu, além de professores, reitores, parlamentares e representantes de diversos setores. Esse apoio é fundamental para pressionar a comissão mista que vai analisar o projeto e também para reforçar o caráter da Unila", afirma o reitor Gustavo Oliveira Vieira.

As ANPHLAC, Anpuh, o FoMerco e a ABH divulgaram nota em defesa da Unila e em repúdio à emenda aditiva à MP 785. Para as entidades, a proposta tem como objetivo desmantelar o projeto original de criação da Unila e fere os princípios de autonomia da universidade que são garantidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e pela Constituição Federal.  

Conforme a nota conjunta, "A Unila oferece cursos em áreas de interesse mútuo dos países da América Latina, principalmente em áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento e a integração regionais”. O documento ressalta ainda que, em seus sete anos de existência, a universidade tem cumprido o papel de integrar conhecimento e culturas por meio da produção de saberes pautados no latino-americanismo e no plurilinguismo com base na autonomia universitária. E é ainda importante caminho para maior aproximação entre o Brasil e seus vizinhos hispano-americanos.

Para o reitor da instituição, a Unila é mal compreendida quando exerce um papel importante na geopolítica regional para o fortalecimento das relações e unidade latino-americana, além de ter se destacado pela qualidade do ensino e da pesquisa que produz. "Precisamos olhar para essa geopolítica na perspectiva regional, latino-americana, para além dos Estados Unidos e Europa. Além disso, é preciso consolidar a ideia de que a universidade e o conhecimento são pautados também pelo respeito às diferenças. Um país como o Brasil não pode ter universidades exatamente iguais. E o mais importante: não se faz integração sem solidariedade", destacou.

Audiência pública

A proposta de Sérgio Souza não foi discutida com os atores envolvidos, nem com a sociedade. Para corrigir a proposta impositiva, o deputado federal Aliel Machado (Rede-PR), titular da Comissão de Educação da Câmara, afirmou na segunda-feira (17) que pretende propor a convocação de audiência pública ou seminário para discutir com professores, estudantes, técnicos e a sociedade como um todo a proposta.

"Esta proposta (de transformar a Unila) é muito preocupante. Não concordo com essa alteração que é extremamente prejudicial para o nosso estado pela função que a Unila desenvolve para o nosso estado e o Brasil, e nós não podemos retroceder. É um absurdo o que o governo de Michel Temer vem fazendo com a educação no nosso país", disse o parlamentar em vídeo veiculado em seu perfil nas redes sociais.

Machado espera aprovar a audiência pública já no retorno do recesso parlamentar. "Precisamos ouvir a comunidade universitária e todos aqueles envolvidos diretamente. Nada pode ser feito assim de uma hora para outra", disse.

O tema já está sendo tratado na Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil (Andifes). Nesta semana, o reitor Gustavo Oliveira Vieira irá a Brasília se encontrar com dirigentes da entidade.

Nota da UFPR

A emenda inclui a incorporação de dois campi da Universidade Federal do Paraná em Palotina e Toledo para a criação da UFOPR. No domingo, quando aumentava a mobilização em defesa da Unila por meio das redes sociais, a reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que também foi surpreendida, divulgou nota. Entre os aspectos destacados está a autonomia universitária.

Garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal, a autonomia das universidades "é um valor que, sobretudo em tempos difíceis, deve ser cultivado pela comunidade interna e também por todos aqueles que apreciam a Universidade como lugar livre de conhecimento", diz o texto. "De nossa autonomia e de nossa liberdade de decidir sobre nossos rumos, jamais renunciaremos."

Fonte: Rede Brasil Atual



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