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Cadela Pretinha morre após ser agredida com chave inglesa dentro da Ufam



Data: 14/06/2017

Funcionário de empresa que prestava serviço no campus é suspeito do crime. Polícia Civil abriu investigação para apurar as causas da morte

A cadela “Pretinha”, mascote dos alunos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), morreu após ser agredida com uma chave inglesa por um funcionário que prestava serviços dentro do campus. A Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) iniciou as investigações nesta quarta-feira (14). O suspeito do crime ainda não foi identificado e alunos prometem realizar uma manifestação para alertar sobre os maus tratos dentro da universidade.

O caso ocorreu por volta das 16h30 de terça-feira (13) na Faculdade de Tecnologia da universidade. De acordo com a estudante de mestrado, Izaura Nogueira, 28, testemunhas contaram que a cadela dormia próximo de onde dois homens da empresa AJL realizavam um serviço de manutenção, quando teria acordado assustada com o barulho e rosnado para um deles. Em seguida, um dos infratores teria pegado uma chave inglesa e atingido o animal violentamente.

“Na hora ela gritou, obviamente. Deve ter doído muito. Ali ela já deve ter ficado machucada, não conseguindo andar direito, e foi se arrastando até próximo da biblioteca, e lá ela desmaiou”, disse Izaura. Ainda segundo a estudante, Pretinha chegou a ser levada para uma clínica veterinária, mas precisou ser transferida para outro consultório e veio a óbito duas horas depois.

Estudantes que estavam no local filmaram o suspeito, que assumiu a agressão. “Eles sabiam que estavam sendo filmados e riram. Um deles assumiu que tinham batido na cadela e que bateria de novo. Como eles não aguentaram a pressão (dos estudantes) e viram que o negócio não ia dar certo porque começou a lotar, eles pegaram as coisas deles e foram embora sem se identificar”, disse ela.

Izaura ainda contou que a cadela era dócil e não havia casos de agressão cometidos por ela contra qualquer pessoa. Ela e outros estudantes cobram um posicionamento da universidade sobre o fato, e, por isso, vão organizar uma manifestação para o dia 19 de junho alertando sobre os casos de maus-tratos dentro da Ufam. “Toda semana ficamos sabendo de casos de maus tratos contra os animais na Ufam e a reitoria não faz nada”, declarou.

O delegado titular da Dema, Samir Freire, informou que as investigações foram iniciadas nesta quarta-feira. Inicialmente, a Polícia Civil deve requisitar da empresa a identificação dos funcionários e ouvir testemunhas.

“As investigações estão sendo iniciadas e não posso tecer maiores detalhes, mas com certeza o infrator que cometeu essa barbaridade vai ser penalizado. Eles poderão responder por delito de maus tratos com aumento de pena por conta da morte do animal, além de assinarem um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Recebemos provas testemunhais e também vamos aproveitar vídeos e filmagens para responsabilizar criminalmente”.

O caso chegou até à Câmara Municipal de Manaus (CMM). A vereadora Joana D’Arc, que possui uma ONG de auxílio aos animais, disse que vai acompanhar a situação. “Vamos fazer de tudo para que a Pretinha não tenha morrido em vão e que seja feita justiça. Por dia eu recebo mais de 15 denúncias. As pessoas têm medo de denunciar e elas precisam ter consciência para reunir as provas e vir até a delegacia. É necessário gerar estatística para o Poder Público enxergar que casos de maus-tratos merecem ser atendidos e precisam de condições para que sejam resolvidos”.

Por meio de nota, a Ufam lamentou o episódio e disse que está tomando as providências necessárias. “A UFAM lamenta profundamente o caso e não tolera ou concorda com quaisquer práticas de violência contra animais. A Universidade reitera o seu compromisso institucional de preservação do meio ambiente, respeito e convivência harmoniosa entre todos que habitam os seus espaços”.

Empresa se pronuncia

A empresa onde os funcionários trabalham, a AJL, se pronunciou sobre o caso nas redes sociais. Segundo comunicado da diretoria, a empresa aguarda a formalização da denúncia para agir contra os envolvidos.

“Estamos há mais de 25 anos no mercado e ao contrário de algumas acusações sem fundamento e sem nenhuma ligação com o fato em questão, nunca tivemos uma ocorrência do tipo. Esclarecemos também que para este caso nosso setor jurídico já esta tomando as providências e chamando as pessoas para se manifestarem quanto às acusações. Os técnicos envolvidos foram afastados de suas atividades até que tenhamos uma apuração mais concreta dos fatos”, disse a AJL.

Vídeo entregue às autoridades


Um vídeo gravado por alunos da instituição após a agressão de Pretinha foi levado à delegacia e vai servir como prova no inquérito a ser aberto. Na gravação, uma aluna aborda os dois funcionários e questiona um deles sobre o motivo da agressão. Ele responde “porque ela quis me morder”.

Imagem: Divulgação

Fonte:
A Crítica



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