A Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF, criada em dezembro de 2009 para ajudar a solucionar os problemas de caixa de uma das mais importantes iniciativas no campo da educação popular do país, apresentará ao docentes que participarão do 55º Conad do ANDES-SN, em Fortaleza (CE), de 24 a 27/6, a campanha que está empreendendo para manter a entidade firme e atuante.
Fundada em 2005 com o principal objetivo de contribuir para a formação de consciência crítica da classe trabalhadora, a ENFF oferece cursos em diferentes níveis e áreas do conhecimento. São cursos livres, técnicos, de graduação e até de especialização e mestrado que, nos cinco primeiros anos de funcionamento da escola, já formaram 16 mil trabalhadores e quadros dos movimentos sociais do Brasil, da América Latina e da África.
Situada nas margens da Via Dutra, em Guararema (SP), a 65 Km de capital, a escola foi construída, entre 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem-terra e simpatizantes. Os recursos necessários para a obra vinham sendo recolhidos desde 1997, quando o fotógrafo Sebastião Salgado, o escritor José Saramago e o cantor e compositor Chico Buarque doaram os direitos autores do livro e do CD Terra. As aulas são ministradas por 500 professores voluntários do Brasil e de diversos outros países.
Ameaça real
Desde que foi fundada, a ENFF enfrenta a fúria da elite que, por meio da sua imprensa, sempre procurarou desqualificá-la, alegando um suposto “caráter ideológico” das aulas, como se o ensino oferecido pelas instituições oficiais fosse ideologicamente neutro. A escola sofre também com diversas acusações caluniosas referentes às “misteriosas origens” dos fundos para a sustentação das atividades. Por isso, tem encontrado dificuldades financeiras para se manter em funcionamento.
“As elites, simplesmente, não suportam a ideia que os trabalhadores possam assumir para si a tarefa de construir um sistema avançado, democrático, pluralista e não alienado de ensino“, afirma o jornalista e professor da PUC-SP, José Arbex Jr, membro do Conselho de Coordenação da Associação dos Amigos da ENFF.
O jornalista reconhece que os donos do capital têm mesmo razões para se sentir ameaçados pela atuação da ENFF. “Um dos pilares de sustentação da desigualdade social é, precisamente, o abismo que separa os intelectuais das camadas populares. O “povão” é mantido à distância dos centros produtores do saber. A elite brasileira sempre foi muito eficaz e inteligente a esse respeito. Conseguiu até a proeza de criar no país uma universidade pública (apenas em 1934, isto é, 434 anos após a chegada de Cabral) destinada a excluir os pobres”, justifica.
Área privilegiada
A ENFF possui uma área de 12 mil hectares com reserva de mata nativa. O edifício pedagógico, possui espaço físico de 2,4 mil metros quadrados. São três salas de aula com capacidade total para 210 pessoas, uma plenária para 200 pessoas, dois auditórios para 100 pessoas cada. Possui, também, uma biblioteca com 40 mil títulos doados em campanhas anteriores e laboratório de informática com software livre.
O alojamento possui capacidade para 200 pessoas. O refeitório consegue atender 400 pessoas por refeição. A base da alimentação é a produção local de frutas, hortaliças, grãos, suínos, aves e frutas. Há também uma creche para os filhos dos trabalhadores que estudam no local.
Núcleo latino-americano
Com o objetivo de resgatar o sentido internacionalista da luta organização da classe e de compreender o processo histórico, econômico e político de agressão das populações latino-americanas e de espoliação de suas riquezas, possui um Núcleo de estudos que promove cursos destinados ás organizações sociais de vários países do continente.
O curso de 40 dias sobre Cone Sul já formou 965 militantes em dez turmas. O curso de formação para formadores latino-americanos ocorre em etapas anuais de 30 dias cada. A primeira turma, com 80 alunos, possui representantes do Brasil, Paraguai, Venezuela e Bolívia. Há também um curso sobre política na AL com etapa única de duração de quatro meses, que já formou 160 representantes de 62 organizações de 21 países.
Saiba como participar
Em dezembro, um grupo de intelectuais, professores, militantes e colaboradores resolveu criar a Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes para divulgar as atividades da escola, iniciar uma campanha nacional pela adesão de novos sócios e promover uma série intensa de atividades, com privilégios especiais concedidos aos membros da associação.
O seu Conselho de Coordenação é formado por José Arbex Junior, Maria Orlanda Pinassi e Carlos Duarte. Participam do Conselho Fiscal: Caio Boucinhas, Delmar Mattes e Carlos de Figueiredo. A sede situa-se na Rua da Abolição n° 167 - Bela Vista - São Paulo – SP – Brasil - CEP 01319-030
Existem duas modalidades de associação: a plena e a solidária. A única diferença entre ambas as modalidades consiste no valor a ser pago. Ambas asseguram os mesmos direitos e privilégios estendidos aos associados.
Para ficar sócio pleno, você deverá pagar a quantia de R$ 20,00 (vinte reais) mensais; para tornar-se sócio solidário, você poderá contribuir com uma quantia maior ou menor do que os R$ 20,00 mensais. Esses recursos serão diretamente destinados às atividades da escola ou, eventualmente, empregados na organização de atividades para coleta de fundos (por exemplo: seminários, mostras de arte e fotografia, festivais de música e cinema).
Para obter mais informações sobre como participar e contribuir, procure a secretaria executiva Magali Godoi através dos telefones: 3105-0918; 9572-0185; 6517-4780, ou do correio eletrônico: associacaoamigos@enff.org.br.
Fonte: Andes-SN |