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Eleito pela comunidade universitária próximos 4 anos, Sylvio Puga fala dos desafios de gestão



Data: 18/04/2017

Eleito com 50,38% dos votos na eleição para reitor da Ufam, o economista e professor da Faculdade de Estudos Sociais despontou como promessa de renovação ao modelo de gestão que perdurou na universidade ao longo dos últimos oito anos. Nesta entrevista, Puga apresentou propostas sobre a aplicação dos recursos destinados à universidade, assistência estudantil, parcerias com movimentos sociais e propôs soluções para o polêmico caso da Fundação de Apoio Rio Solimões (Unisol).

Formação: Pós-doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Atuou como professor-adjunto da Ufam e é pesquisador e orientador em programas de Pós-Graduação de mestrado.

1) Nos últimos três anos, os gastos com pessoal e encargos sociais significaram mais de 2/3 do orçamento da universidade. Para 2017, a previsão é que essa rubrica represente 75% do total dos recursos. Frente a essa situação, como pretende desenvolver as demais linhas de ação? Quais serão as prioridades da sua gestão nos primeiros 100 dias?
O crescimento da folha tem o ritmo de normalidade, em função das aposentadorias, das pensões, das promoções dos professores. Esse crescimento é natural. Outra questão é como definir quais serão as prioridades. Primeiro, vamos finalizar as obras em andamento, tanto do interior como da capital. A partir do momento que tivermos mais recursos, vamos definir quais serão as novas obras que terão impacto junto à comunidade. Pensamos nas duas bibliotecas setoriais (setor norte e sul), que serão bibliotecas comunitárias, abertas também à sociedade em geral. Isso não significa dizer que as novas obras serão excluídas. As obras paralisadas, como a Casa do Estudante, serão retomadas. E, assim que tomarmos posse, vamos apresentar ao Conselho Universitário um plano de ação que deverá ser aprovado pelo Conselho. Nossa gestão será democrática.
 
2) Uma das questões que veio à tona durante os debates nesta eleição foi o caso polêmico da Fundação de Apoio Rio Solimões (Unisol) por seu envolvimento em denúncias pelo TCU de irregularidades e malversação de recursos públicos. Como sua administração pretende continuar trabalhando com a Fundação e dar mais vigor e transparência aos recursos por ela executados, pois esses são pontos até hoje obscuros?
A Fundação tem enfrentado diversos problemas financeiros nos últimos anos. Essa é a causa dos seus problemas. Pretendemos revitalizar a Fundação, pois fui um dos propositores da Unisol no Conselho Universitário. Tenho uma responsabilidade em relação ao próprio funcionamento da Unisol nos dias de hoje. Enquanto reitor, pretendo dar mais transparência às contas e promover maior participação da comunidade nos conselhos de fiscalização interna, mecanismos que serão apresentados no Consuni, para que a Fundação tenha condições de apoiar os projetos institucionais. Reconheço que, no momento, existem dificuldades, mas é preciso superá-las. Além disso, é necessário lembrar que a Unisol não nasceu dentro da Ufam, é uma fundação de apoio. No futuro, pode-se realizar uma reforma estatutária para apoiar outra universidade pública -e, da mesma forma, há instituições que podem nos apoiar.

3) Em quase todos os debates, quando surgiu o assunto Estatuinte, os candidatos reafirmaram seu resgate, já que seu resultado havia sido resultado “esquecido” no Consuni quatro anos após a conclusão do processo. Na proposta do novo ordenamento jurídico/normativo da UFAM há profundas modificações no atual comportamento político e administrativo da universidade. Quais são seus compromissos urgentes em colocar em prática as conclusões do Congresso Estatuinte?
Participei de todas as seções da Estatuinte, então me surpreende que até hoje o documento não foi homologado pelo Consuni - ao qual não cabe mais fazer outra reformulação - e encaminhado ao Ministério da Educação, que dará a palavra final. Na reitoria, farei o possível para resolver as amarras e possibilitar condições para que essa nova carta magna comece a valer na nossa gestão.

4) Um dos sérios problemas que a UFAM tem hoje é sua relação precária com os movimentos sociais e sindicais da sociedade amazonense, ao ponto de deixar de ser referência científica e política para diversos problemas sociais e econômicos que afligem a população. Como sua gestão pretende recuperar essa posição e estreitar os laços com esses segmentos?

Minha trajetória foi marcada pelo ativismo político e social. Estaremos     abertos a toda e qualquer participação de movimentos que venha favorecer a atuação política dentro da universidade. A Ufam é o palco onde se formaram a maioria dos dirigentes do estado. Nos últimos cinquenta anos, data do surgimento da Fundação Universidade do Amazonas, praticamente todos os dirigentes do estado passaram pela Ufam. Queremos estreitar as relações, promovendo debates permanentes dentro da universidade. Na nossa gestão, vamos viabilizar esses debates, pois é aqui que são formadas as futuras lideranças não apenas do Amazonas, mas também do Brasil.
 
5) No Amazonas, de acordo com avaliação do MEC, das 18 instituições    de Ensino Superior, 16 tiveram índice satisfatório. Conforme dados do INEP, a Ufam ainda é a melhor instituição pública, mas já foi superada por instituições privadas no IGC. Em debates, o senhor afirmou que defende a continuidade da UFAM sendo pública, gratuita e de qualidade. Como pretende recuperar o desempenho e a qualidade da instituição nos próximos anos?

Em primeiro lugar, vamos trabalhar junto às coordenações de curso. É onde as coisas acontecem do ponto de vista da graduação. Outra questão é a visita das comissões do MEC à universidade. Já participei de comissões do MEC e visitei universidade na condição de avaliador. Fomos recebidos por reitores, pois eles reconhecem que a visita dessas comissões é uma ação importante para a instituição. Então, devemos preparar uma agenda de forma que, quando os avaliadores do MEC cheguem para avaliar nossos cursos, eu e o Jacob Cohen (vice-reitor) possamos mostrar a eles a importância desse trabalho. Dessa forma, teremos condições de identificar os pontos fortes e os pontos fracos da Ufam. Quando atuei como diretor da FES, recebi quatro comissões do MEC, que nos concederam duas notas 5, o índice máximo, e duas notas 4.

6) Grande parte da comunidade estudantil da UFAM é oriunda de alunos de carência carentes e bastante necessitada dos serviços de moradia, alimentação e saúde. São várias as denúncias de descaso acerca da qualidade dos serviços dos restaurantes universitários e dos postos de assistência médica, além da inexistente Casa do Estudante. Algumas políticas são apenas paliativas. Como sua gestão enfrentará estas questões para que efetivamente os alunos possam obter qualidade no desempenho de seus estudos e pesquisas, sem que a UFAM deixe de ser pública e gratuita?
Temos que reforçar a política de assistência estudantil. Para tanto, vamos fazer um amplo estudo do nosso orçamento interno, pois é nosso objetivo aumentar o valor das bolsas, que permanece inalterado há muito tempo. E, se tivermos condições, vamos conceder mais bolsas aos alunos e finalizar as obras da Casa do Estudante, que recebe os alunos vindos do interior. A assistência estudantil é fundamental para que eles possam realizar suas atividades com a tranquilidade necessária. A evasão influencia diretamente no total de recursos destinados à Ufam. Logo, quanto menos alunos conseguem se formar, menos recursos a universidade recebe. Então devemos trabalhar para manter a qualidade e diminuir o índice de evasão escolar, de forma a dar condições ao aluno finalizar seu curso. 

7) Há alguns anos, estudantes vêm criticando o esvaziamento de atividades culturais e esportivas na universidade, como se sua função fosse apenas prepará-los para o mercado de trabalho. Como sua gestão pretende reverter esse quadro e projetar a universidade como espaço de formação integral?

Vamos resgatar o Festival Universitário de Cultura, que é uma proposta mais ampla, e criar condições para que esse festival aconteça. Incentivar o esporte, um importante fator de integração, e apoiar integralmente os Jogos Universitários. Além disso, devemos abrir nossa sede a outras pessoas, criando programas para que as famílias participem de atividades culturais e esportivas nos fins de semana. Esse trabalho será realizado em parceria com a pró-reitoria de Extensão.

Fonte:
ADUA



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