Data: 31/01/2017
Eles já deram sua contribuição ao serviço público e agora gozam dos benefícios da Previdência Social (para esse grupo ainda é possível a expressão “usufruto”). Mas, mesmo após os anos de afinco e dedicação voltados ao trabalho, a contribuição à luta sindical permanece firme. Por ocasião do Dia Nacional do Aposentado, lembrado na última terça (24), a ADUA destaca a participação dos aposentados, que representam aproximadamente 30% da base de filiados da seção sindical.
A reportagem conversou com três deles para saber o que os motiva a continuar colaborando na luta sindical em defesa da categoria e da Educação pública, laica, de qualidade e socialmente referenciada. E quais desafios e perspectivas em relação à atual conjuntura, marcada por sucessivos retrocessos sociais.
Aos 74 anos, 43 deles dedicados ao ensino de disciplinas do curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Estudos Sociais (FES), o professor José Humberto Michiles ainda alimenta um sonho. “Pelo fato de eu ter feito minha vida escolar, do primário ao nível superior, na escola pública, ficou em mim a necessidade de dar um retorno ao futuro do meu país”, disse o docente, referindo-se aos cuidados que dedica à geração, agora, dos netos, para quem repete a frase que ouvia quando criança: “vocês são o futuro do Brasil”, conta o professor, sindicalizado desde julho de 1980.
“Quero deixar para eles o espaço onde fiz a minha referência de vida: a universidade pública brasileira”, afirmou Michiles, destacando que seu papel na instituição não foi apenas “formar qualitativamente pessoas para tocar a vida do país”, mas participar e manter a representação da categoria na luta pela Educação pública. Para o docente, que das últimas quatro gestões da ADUA participou de três (é atual 2º tesoureiro da entidade), muita gente anda desacreditada porque o “jogo de interesse pessoal” foi ganhando espaço em detrimento do interesse coletivo.
E quando isso ocorre, é preciso “fazer o embate sempre”, destaca a professora aposentada do Departamento de Letras e Literatura Estrangeiras, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), Nereide Santiago, 71 anos. A docente, umas das mais antigas sindicalizadas da ADUA (desde novembro de 1979, ano em que a seção sindical foi criada), ressalta que a atuação da categoria, por meio da entidade, é que garantiu a conquistas de direitos suprimidos por governos e gestões.
“Permaneço na luta por acreditar nas conquistas que nós obtivemos, o que me faz sentir necessidade de participação no movimento docente”, afirmou Nereide, destacando que sua presença também é para “motivar novos professores” a somarem esforços em defesa da categoria e da escola pública. “Sempre lutamos pela manutenção de uma educação pública e de qualidade. Por isso, é necessário nos unirmos contra vários projetos de privatização que atacam a educação pública”. Para ela, é preciso estar sempre atentos e não se deixar levar pelos artifícios do governo.
Professor aposentado do curso de Direito, Alcebíades Oliveira, 68, é outro sindicalizado que faz questão de compartilhar a experiência com os professores mais novos. “A minha motivação é contribuir com participação política e cidadania no encaminhamento de propostas que defendam o interesse coletivo”, afirmou o professor, engajado na defesa dos direitos coletivos. Ele considera a atual conjuntura difícil, em virtude das concepções políticas do atual governo, mas indica uma alternativa para a categoria: “é preciso dar maior sentido de organização e unidade”.
A presidente da ADUA, professora Guilhermina Terra, considera fundamental a presença dos professores aposentados em virtude da experiência que acumularam na luta sindical. “A militância docente só tem a ganhar com aqueles e aquelas que ajudaram a construir o sindicato da categoria. Tê-los por perto no aconselhamento e na partilha de experiência ajuda a dar maior sentido a nossa luta”, ressaltou.
Imagens: Arquivo ADUA
Fonte: ADUA |