Data: 13/01/2017
O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) aprovou, por unanimidade, moção de repúdio à LGBTfobia nas dependências da instituição. A decisão foi tomada em reunião ordinária da instância máxima deliberativa da universidade, realizada nesta sexta (13), no Plenário Abraham Moysés Cohen, no setor Norte do Campus.
“Este Conselho se posiciona em defesa intransigente da diversidade sexual e da identidade de gênero e reafirma seu compromisso em defesa dos direitos e da cidadania de todos e todas”, diz trecho da nota. O Consuni também destacou que “rejeita todo o discurso de ódio e práticas discriminatórias contra a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e demais) em qualquer espaço social”.
A nota em favor da livre manifestação de orientação sexual e identidade de gênero foi proposta pela professora Patrícia Sampaio, conselheira representante docente do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) e integrante do Conselho de Representantes da ADUA (Crad). “A resposta ao discurso de ódio e práticas discriminatórias contra Lgbt+ na Ufam começou a ser dada!”, disse.
A proposição, destacou a docente durante a apresentação da proposta para os demais conselheiros, é uma resposta coletiva da comunidade acadêmica a uma mensagem de intolerância escrita em letras garrafais na porta de um dos banheiros do ICHL e que incomodou representantes dos três segmentos da comunidade acadêmica. A expressão de ódio chegou ao conhecimento de professores, técnicos e estudantes após uma publicação feita pelo estudante de Artes Visuais Walter Juur, que se sentiu ameaçado após se deparar com a mensagem.
Patrícia lembrou que esse não é o primeiro pixo e nem está restrito ao ICHL. “É uma prática recorrente em várias unidades acadêmicas. Ele é a expressão máxima da reiteração do discurso de ódio, de um discurso do apagamento da diferença e da mais indiscutível intolerância”, disse a professora, ao acrescentar que a expressão levou à indignação.
O posicionamento adotado pelo Consuni, na avaliação do estudante de Artes Visuais Walter Juur, é o reconhecimento de que esse discurso precisa ser combatido. “Esse tipo de prática não pode ocorrer na universidade. Tive raiva ao ler aquela mensagem, porque enquanto estudante e ativista considero uma expressão ameaçadora. Como não sabia o que fazer, resolvi compartilhar”, explicou.
A postagem, publicada nesta terça (10), teve dezenas de compartilhamentos e comentários, o que colocou o assunto em evidência. “Agora se abriu espaço para o diálogo e tomamos conhecimentos dos meios para denúncias e providências a serem tomadas. Precisamos combater esse tipo de prática”, concluiu.
A presidente da ADUA, professora Guilhermina Terra, acompanhou a discussão e expôs o motivo da adesão à proposta. “A ADUA repudia toda e qualquer prática discriminatória a qualquer ser humano, pois todos possuem o direito a uma vida digna, independentemente de sua cor, crença, raça, credo e, sobretudo, sexualidade. E, nós, membros de um espaço formador de cidadãos temos mais uma razão para não se permitir que ações desta natureza se tornem uma prática na universidade”, afirmou.
Na próxima semana, a comunidade acadêmica, com apoio de várias organizações LGBT, promete realizar um ato público no ICHL para intensificar o combate ao discurso de ódio na Ufam.
Confira a MOÇÃO na íntegra
Moção em favor da livre manifestação de orientação sexual e identidade de gênero
O Conselho Universitário da Universidade Federal do Amazonas (CONSUNI – UFAM), reunido ordinariamente em 13 de janeiro de 2017, manifesta sua posição de repúdio veemente às manifestações LGBTfóbicas nas dependências da Universidade.
O CONSUNI rejeita todo o discurso de ódio e práticas discriminatórias contra a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros e demais) em qualquer espaço social. Reitera que, no âmbito da Universidade, as unidades acadêmicas e administrativas estão aptas para acolher toda e qualquer denúncia a respeito deste tema e orientadas a tomar as medidas cabíveis.
Este Conselho se posiciona em defesa intransigente da diversidade sexual e da identidade de gênero e reafirma seu compromisso em defesa dos direitos e da cidadania de todos e todas.
PLENÁRIO DOS CONSELHOS SUPERIORES DA UFAM “ABRAHAM MOYSÉS COHEN”, em Manaus, 13 de janeiro de 2017.
Imagens: Reprodução/Arquivo Pessoal
Fonte: ADUA |