
Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro publicado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), na segunda-feira (21), em São Luís (MA), revela que quase metade dos conflitos agrários registrados no país nas últimas quatro décadas ocorreu na Amazônia, sendo registrados disputas por terra e água, além de trabalho escravo. Segundo o documento, entre 1985 e 2023, foram identificadas 50.950 ocorrências de violência no campo, sendo 44% concentradas na região amazônica.
O documento alerta que a Zona de Desenvolvimento Sustentável dos Estados do Amazonas, Acre e Rondônia (AMACRO), criada em 2021, abrangendo mais de 45 milhões de hectares, vem sendo tratada como um “laboratório experimental do agronegócio”, com forte relação entre o avanço da fronteira agropecuária e a aumento da violência no campo.
Os dados mostram que os povos indígenas são a terceira categoria mais afetada por ações de violência no campo, majoritariamente ligadas à atuação de mineradoras e garimpeiros, atrás apenas de trabalhadores(as) sem-terra e posseiros. Só nos últimos cinco anos, foram registradas 2.501 ocorrências de violência contra indígenas, a maior parte na Amazônia e no Centro-Sul do país.
O Atlas foi apresentado durante o 5º Congresso Nacional da CPT, em comemoração aos 50 anos da entidade, sendo resultado de um trabalho conjunto da CPT, do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc), do Grupo GeoAgrária da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), do Laboratório de Estudos sobre Movimentos Sociais e Territorialidades (Lemto) da Universidade Federal Fluminense (UFF), entre outras universidades parceiras.

Foto: Divulgação/ CPT
A publicação possui 221 páginas com quadros, gráficos e mapas que sistematizam os dados em seis capítulos, com destaque para os temas: Conflitos no Campo Brasileiro; Geografia dos Conflitos Territoriais: a guerra capitalista contra a vida na Amazônia; Conflitos por terra e água no contexto do Eco-Genocídio no Cerrado; Geografia dos conflitos no campo na Região Nordeste: registros de ocorrências de 1985 a 2023; Conflito e Resistência: Comissão Pastoral da Terra e a luta dos Povos Indígenas no Brasil; e Os Conflitos do Campo Brasileiro Envolvendo as Comunidades Quilombolas (2000-2023).
“Os conflitos no campo são marcas da opressão e da violência de agentes capitalistas e do Estado, assim como expressão das ações do campesinato, trabalhadores e dos povos tradicionais no território brasileiro”, afirma o professor de Geografia da UERJ e um dos organizadores do trabalho, Paulo Alentejano.
Leia o Atlas na íntegra aqui.
Fontes: CEDOC Dom Tomás Balduino – CPT ; CP; Repórter Brasil.
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