
“Água para a vida e não para a morte”. Entoando essas palavras de ordem, manifestantes protestaram contra a privatização da água em Manaus na última sexta-feira (25). A ADUA participou do ato sendo representada pelo 1º vice-presidente da Seção Sindical, Raimundo Nonato Silva. A mobilização, organizada pelo Fórum da Águas, foi realizada no entorno da sede da concessionária da Águas de Manaus, responsável pela água, coleta e tratamento de esgoto na cidade.
“Esse ato é um repúdio à Águas de Manaus, porque água não é mercadoria. Há 25 anos privatizavam o fornecimento de água e esgoto na cidade. E naquele momento se prometia muito, que haveria água em abundância, água para todos, que a rede de esgoto seria estendida para todos os bairros e que teria saneamento de primeira. Porém, isso ficou na promessa chancelada pela Câmara Municipal. Os vereadores são cúmplices dessas questões da péssima qualidade do serviço oferecido para a população”, disse Nonato em discurso durante a manifestação.

A péssima qualidade da água, a falta dela nas torneiras e os valores exorbitantes na conta são problemas que recaem principalmente sobre as mulheres, destacou a professora da Ufam, Ivânia Vieira, que também participou do ato. “São as mulheres que adoecem com o valor da fatura, os problemas e os preços com hidrômetros. Sentem-se extorquidas. Durante o ato algumas dessas mulheres, vindas de Santa Etelvina e do Mutirão, expuserem o transtorno a que estão submetidas”, disse.
A docente levantou ainda alguns questionamentos. “O que muda? O que fazem a justiça, o governo municipal e o legislativo para tratar da questão com a responsabilidade que merece? Por que um problema de profunda gravidade é empurrado para baixo do tapete pelas autoridades públicas?”. Ivânia lembrou ainda que, após 25 anos, relatórios com recomendações e prazos para adequação dos serviços são esquecidos. “O sofrimento é real, o impacto da vida das mulheres é mais pesado e a pauta das privações e dos achaques de multidão de pobres não é pautada”.
No ato, o coordenador do Fórum das Águas, padre Sandoval Rocha, leu uma carta de repúdio à privatização em que destaca que a insatisfação da sociedade e a negação dos serviços a parte da população levaram à mobilização. “Os manauaras viram direitos fundamentais serem transformados em privilégio de poucos, aqueles que podem pagar. Neste período, os manauenses conviveram com a precariedade ou a ausência destes serviços, sem terem a quem recorrer, pois o poder concedente, a Prefeitura de Manaus, se aliou à empresa, insistindo num empreendimento que estamos vendo que não dá certo”, destacou.
Além da ADUA, que integra o Fórum da Águas, participaram da manifestação integrantes do Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras por Direitos (MTD), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Coletivo de Mulheres da Educação e Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Ambiental (Sares).
Fonte: ADUA
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