Data: 25/11/2016
Seis estudantes que ocupam a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba, ficaram feridos por após serem agredidos com socos, chutes e pontapés por um grupo de aproximadamente 15 pessoas, contrário à ocupação, na noite de terça-feira (22). Mesmo sendo flagrados por policiais com pedras, facas, soco inglês e bombas caseiras, os agressores foram liberados.
A agressão ocorreu no portão de acesso à instituição na Avenida Silva Jardim, por volta das 22h30, quando o grupo de estudantes que fazia a segurança do lado de fora se preparava para entrar na universidade. Uma viatura da Polícia Militar, com dois agentes, estava parada no outro lado da rua no momento da chegada dos agressores. Mais policiais chegaram nos instantes seguintes, em três viaturas e uma moto.
Um vídeo gravado por uma pessoa apoiadora da ocupação mostra o momento em que policiais militares fizeram revista nos agressores e apreenderam uma bolsa de pedras, facas, soco inglês, bombas caseiras e uma balaclava (espécie de máscara que cobre todo o rosto). Na gravação, um dos policiais aponta para os objetos: "Filma aquelas facas […]. Infelizmente o pessoal não está sabendo se manifestar. O pessoal está querendo ir pra cima", disse um dos agentes.
Apesar do registro, em um primeiro contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar nesta quarta-feira (23), por volta das 9h, a informação repassada foi de que não haviam sido encontradas ou apreendidas armas de nenhum tipo, e que "não houve ilícito, pois não chegou a haver confronto entre eles". Por isso, após a revista, os agressores foram liberados pela polícia e não chegaram a ser encaminhados para a delegacia.
Às 11h45, a assessoria da corporação passou uma nova versão: os objetos de fato foram apreendidos, mas não durante as revistas, e sim no chão, em frente ao portão. Nenhuma das pessoas revistadas teria assumido a posse das armas. Segundo a assessoria, os objetos foram enviados para o Serviço de Inteligência do 12º Batalhão, que deve averiguar a quem pertencem e qual seria o uso.
"Isso é uma ação ilegal, omissa. Eles tinham que ter, no mínimo, conduzido os agressores para ser lavrado um flagrante", garante o advogado Manuel Caleiro, do coletivo Direito para Todos e Todas, que presta apoio jurídico à ocupação. Ele relata ainda que a abordagem policial incorreu em prática racista, quando um dos agentes, ao pegar o RG de um dos ocupantes vítima de agressão, disse "E essa foto aqui? Você é feio demais". A conduta policial foi questionada quando os agentes propuseram que a jovem agredida fosse levada até a delegacia para o registro do Boletim de Ocorrência na mesma viatura que os seus agressores.
Desocupação da UnB é suspensa
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região suspendeu, por 15 dias, o cumprimento da decisão do juízo da 4ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal que havia deferido o pedido de desocupação das instalações da Universidade de Brasília (UnB). A decisão foi proferida pelo desembargador federal Jirair Aram Meguerian.
Quanto ao mérito, o desembargador diz que não poder prevalecer o fundamento de que o movimento de ocupação não teria relação com a atividade acadêmica, considerando-se que “há divergências quanto aos efeitos da aprovação da PEC 241 nos orçamentos destinados às ações de educação que poderão trazer consequências desastrosas para as políticas dessa área”. Portanto, segundo a decisão, essas divergências são suficientes para se afirmar que a ocupação não se trata de movimentação meramente política, mas efetivamente de protesto que possui relação direta com os orçamentos destinados às políticas de educação, com a continuidade das atividades acadêmicas hoje desenvolvidas pela própria UnB.
Edição de ANDES-SN com informações de TRF1 e imagem de Brasil de Fato
Fonte: Brasil de Fato |