.jpg)
No Brasil, 305 etnias indígenas e mais de 270 línguas vivas resistem, cotidianamente, aos massacres motivados pela exploração predatória de seus territórios, a qual ameaça não apenas o futuro desses povos, mas também o futuro de todo o planeta. Neste 19 de abril – Dia da Resistência dos Povos Indígenas, a ADUA emite nota pública e ecoa a mensagem: não há futuro em terra devastada. Leia a seguir ou baixe aqui em PDF.
NOTA DE LUTA E RESISTÊNCIA
19 DE ABRIL DE 2025 – HOJE E SEMPRE
DIA NACIONAL DE LUTA DOS POVOS INDÍGENAS
Neste dia 19 do abril vermelho de 2025, o Brasil que não transige com a barbárie em curso nem cede aos apelos do que Paulo Freire denominava de “apetite burguês do êxito pessoal”, nossa ADUA – Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional, traz à memória as últimas palavras escritas pelo educador maior deste país quando soube do assassinato, em Brasília-DF, do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, queimado vivo numa parada de ônibus por cinco adolescentes. Galdino tinha ido à fria e burocrática capital federal para participar da luta coletiva dos povos indígenas naquele 19 de abril de 1997.
Já com a saúde física debilitada – pois viria a falecer alguns dias depois, em 02 de maio de 1997 – Paulo Freire, tomado por indignação ética, buscou força interior para escrever uma carta, que depois integraria o livro póstumo Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos, publicado em 2000. Esta carta, a terceira do livro, intitula-se: Do assassinato de Galdino Jesus dos Santos – índio pataxó, cujo parágrafo inicial reproduzimos nesta Nota de Luta e Resistência:
Cinco adolescentes mataram hoje, barbaramente, um índio pataxó, que dormia tranquilo numa estação de ônibus, em Brasília. Disseram à polícia que estavam brincando. Que coisa estranha. Brincando de matar. Tocaram fogo no corpo do índio como quem queima uma inutilidade. Um trapo imprestável. Para sua crueldade e seu gosto de morte, o índio não era um tu ou um ele. Era aquilo, aquela coisa ali. Uma espécie de sombra inferior no mundo. Inferior e incômoda, incômoda e ofensiva.
O Brasil de 2025 ainda está sob o cerco político da extrema direita, com sua “crueldade e seu gosto de morte”, que naturaliza em números estatísticos vidas, histórias e nomes de indígenas assassinados pelo latifúndio criminoso, associado ao megagarimpo e ao neoextrativismo madeireiro, sobretudo na Amazônia. Dentre os mais vulnerabilizados por essa tragédia social estão os povos indígenas e é deles, ao retirarem força da vida em constante ameaça, que nos vem o que falta a nós e à maioria do povo brasileiro: organização, coragem, esperança e resistência. Como escreve José Carlos Mariátegui, “a esperança indígena é absolutamente revolucionária”. No Brasil essa esperança só encontra par na luta, organização e resistência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma verdadeira “escola de utopia” nas palavras de Frei Betto.
Vidas importam! Vidas indígenas importam! Nenhum direito a menos! Somente a Luta muda a Vida! Vida longa à luta e resistência dos povos indígenas!
Diretoria da ADUA – Seção Sindical do ANDES-SN (biênio 2024-2026)
19 de abril de 2025

|